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PATROCINADO

Pagamento adiantado

Deslandes Monteiro
25/1/2022
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Foto:
Carlos Aguiar

É praxe, no nosso sistema comercial, as empresas exigirem o pagamento antecipado para a prestação de um serviço ou venda de um produto.

O hábito está tão enraizado no nosso tecido empresarial, ao ponto de ser considerado perfeitamente normal exigir-se primeiro o pagamento e só depois prestar o serviço.

O pagamento antecipado, bastante incomum nos mercados mais desenvolvidos, tem razão de existência, essencialmente em dois factores: manter o fluxo de caixa para poder realizar os serviços e manter a produtividade da empresa; garantir eventuais incumprimentos dos clientes, evitando os morosos e ineficazes processos de cobrança de dívidas.

Em palavras miúdas, as empresas precisam do pagamento do cliente para prestar o serviço solicitado, porque, muitas vezes, os valores disponíveis em caixa não são suficientes para a aquisição da matéria-prima, e não possuem mecanismos para a cobrança de dívidas, uma vez que o país também não oferece um sistema eficiente de recuperação de crédito.

Esta exigência demonstra vários elementos de debilidade do nosso sistema comercial, dentre os quais se podem destacar os seguintes:

Inexistência da confiança mínima na relação entre prestadores de serviço e clientes, o que inviabiliza a execução de trabalhos antes da recepção do pagamento;

As empresas têm um fluxo de caixa muito baixo, fazendo que, praticamente, todas as receitas tenham destino já assegurado, o que não permite a cobertura das despesas dos serviços que ainda não foram pagos;

O nosso sistema de justiça, no campo comercial, é demasiado pobre e ineficaz, o que faz que as empresas prefiram “prejudicar” o cliente do que entrar numa batalha judicial para a recuperação de um crédito;

Existe uma fraca regulação normativa no sector comercial.

Na verdade, esta situação tem como grande consequência o desincentivo do consumo, pois a insegurança também paira no seio dos clientes, que, por recearem efectuar um pagamento e depois não ter o serviço devidamente prestado, desistem facilmente da intenção, impactando negativamente a solidificação das relações comerciais, indispensável para o crescimento económico de qualquer país.

O nosso sistema de justiça, no campo comercial, é demasiado pobre e ineficaz, o que faz que as empresas prefiram “prejudicar” o cliente do que entrar numa batalha judicial para a recuperação de um crédito.

Leia o artigo completo na edição de Janeiro, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

Advance payment

It is customary in our commercial system for companies to demand payment in advance for the provision of a service or the sale of a product. The habit is so ingrained in our business fabric that it is considered perfectly normal to demand payment first and only then provide the service.

Advance payment, quite uncommon in more developed markets, essentially exists for two reasons: to maintain cash flow so that the company can continue to perform services and maintain productivity; to protect the business from customer defaults, thus avoiding slow and inefficient debt collection processes.

In other words, companies need clients to pay in order to provide the requested service, because often times available cash is not enough for the acquisition of raw material, and they do not have debt collection mechanisms, for the country itself does not have an efficient credit recovery system.

The advance payment requirement is evidence of several weaknesses in our commercial system, such as:

Inexistence of minimum trust in the relationship between service providers and clients, which makes it impossible to perform work before receiving payment;

Companies have very low cash flow, which means that virtually all revenues are committed before they are received, thus making it impossible to cover expenses associated with services that have not yet been paid for;

Our justice system, as it relates to commerce, is too weak and inefficient, which makes companies opt for "harming" the client rather than engage in a legal battle for the recovery of a credit;

Poor regulation of the commercial sector.

A major consequence of this situation is the discouragement of consumption because customers also feel insecure. Due to fear of making a payment and then not being provided with an adequate service, they easily give up on the intention, thus negatively impacting the consolidation of trade relations that are essential for the economic growth of any country.

Our justice system, as it relates to commerce, is too weak and inefficient, which makes companies opt for "harming" the client rather than engage in a legal battle for the recovery of a credit;.

Read the full article in the January issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).