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Angola é também futuro

Gonçalo Nobre da Veiga
4/6/2020
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Foto:
DR

Angola pode ter um caminho por percorrer, mas o seu potencial é enorme e deve fazer pensar os arquitectos.

Souto Moura disse há pouco tempo que a arquitectura que ele aprendeu tinha terminado, que já não era uma arte. Acredito que ele se estava a referir à existência de um conjunto tão desordenado de regras que criam condicionamentos à própria actividade, e que o valor estético e funcional de um projecto está totalmente subalternizado em face de uma miríade de imposições legais nem sempre claras ou adequadas. O histórico arquitecto referia-se a Portugal e outros mercados supostamente mais maduros que Angola.

Acontece que a eventual menor actualidade da legislação angolana permite de facto uma maior liberdade de criação, ou seja: Angola pode realmente ter um mercado menos maduro e onde há muito por fazer, mas é um local onde têm surgido projectos com dimensões que não vemos em mercados supostamente mais maduros. Angola pode ter um caminho por percorrer, mas o seu potencial é enorme e deve fazer pensar os arquitectos. Não me refiro apenas à possibilidades de construção, mas também a um espaço para inovar e definir novos caminhos ou tendências para a arquitetura como um todo.

Desde sempre que trabalho para os mais variados sectores de actividade, que vão da banca à habitação, da hotelaria e restauração a escritórios de grandes empresas, lojas comerciais ou projectos públicos e sei, de experiência feita e comprovada, que existe muito caminho por desbravar em Angola.

Angola pode realmente ter um mercado menos maduro e onde há muito por fazer, mas é um local onde têm surgido projectos com dimensões que não vemos em mercados supostamente mais maduros. Angola pode ter um caminho por percorrer, mas o seu potencial é enorme e deve fazer pensar os arquitectos.

Angola pode aliás ser um"case study" para a arquitectura mundial, permitindo uma enorme liberdade para que a arte volte a ser uma qualidade intrínseca à arquitetura.

Angola pode ser o derradeiro desafio onde colocamos ideias inovadoras em prática, testamos as últimas soluções e experimentamos novas formas ou materiais num mercado que tem tanto de exigente e complexo como de recompensador.

No que resta de 2020 e do próximo ano de 2021 poderemos ver a entrada de investidores em Angola e seguramente de novos investimentos no mercado imobiliário, e por isso precisaremos de estar preparados para responder às necessidades dos novos tempos. Considero fundamental para quem queira crescer neste mercado, algo que aprendi em Angola e com os angolanos: há que saber posicionar-nos e respeitar o povo, as entidades e os costumes angolanos. Angola, para além de regras e leis, tem uma cultura e costumes próprios que devem ser respeitados e apreendidos por quem cá desenvolve a sua actividade. É a obrigação de qualquer pessoa de bem.