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Angola longe dos grupos de países mais bem preparados contra ataques cibernéticos

Victória Maviluka
18/9/2024
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Foto:
DR

BNA registou, por exemplo, até ao 1.º trimestre deste ano, uma média diária de 250 tentativas de ciberataques, um número, entretanto, inferior à média de 350 casos do ano passado.

Angola integra o penúltimo grupo do índice dos países mais bem preparados para lidar com ameaças e incidentes cibernéticos, segundo a mais recente classificação da União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência adstrita às Nações Unidas.

De acordo com o Índice Global de Cibersegurança (GCI) 2024, consultado pela revista Economia & Mercado, no T4, do qual Angola faz parte, estão países como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, República do Congo, Namíbia, Zimbabwe e Madagáscar. Fora da zona africana, perfilam, entre outros, a Argentina, a Venezuela e o Haiti. 

No topo do ‘ranking’, sete países africanos ‘impõem-se’ entre os Estados e territórios que, na óptica do GCI, possuem sistemas mais bem preparados em termos de segurança cibernética.

Egipto, Ilhas Maurícias, Gana, Quénia, Marrocos, Ruanda e Tanzânia fazem parte do ‘batalhão’ da frente, que integra, igualmente, países como o Brasil, Portugal, Estados Unidos, França, Reino Unido e Itália.

Deste grupo do topo, não fazem parte muitas das destacadas economias a nível do universo, como a China; a Rússia e, em África, a África do Sul, colocadas no T2 da classificação.

A Nigéria, a maior economia da África Subsariana, aparece no T3 da pesquisa da agência União Internacional de Telecomunicações, ao lado de Moçambique, Botwsana, Etiópia, Nova Zelândia e Ucrânia.

No fundo da tabela, no T5, onde constam países com sérios riscos de sofrerem ataques cibernéticos e violações de dados todos os dias, aparecem o Afeganistão, a Guiné-Bissau, o Burundi e Timor-Leste.

Para esta avaliação aos 194 países, o Índice Global de Cibersegurança (GCI) 2024 mediu os compromissos dos países com a segurança cibernética através de pilares fundamentais como medidas legais (leis e regulamentos sobre segurança cibernética e crime cibernético) e  medidas técnicas.

Contaram ainda para o estudo critérios como medidas organizacionais (estratégias e organização nacionais), capacidades de desenvolvimento (conscientização, formação, educação e incentivos) e cooperação (parcerias entre agências, empresas e países).

Uma ameaça que cresce à velocidade da tecnologia

Em 2021, o cibercrime custou ao planeta 6 mil milhões de dólares. E, até 2025, segundo as projecções, este custo poderá atingir os 10,50 mil milhões USD. 

No entanto, o cibercrime constitui apenas uma faceta dos riscos, juntamente com os ciberataques e o ciberterrorismo, lembra o portal marroquino Le360. 

Governos, indivíduos, empresas, organizações sem fins lucrativos, etc. correm o risco de ataques cibernéticos e violações de dados todos os dias. 

Estes ataques, observa o site, multiplicar-se-ão com a evolução das tecnologias digitais, o aumento do número de dispositivos e utilizadores conectados, o papel cada vez mais estratégico dos dados na economia digital, etc.

Ao combinar todos esses riscos, a conta será muito maior. Daí o interesse de muitos países em terem os melhores sistemas de cibersegurança para minimizar, tanto quanto possível, o risco de um ataque.

BNA: média diária de 250 tentativas de ciberataques

O Banco Nacional de Angola (BNA) registou, até ao primeiro trimestre deste ano, uma média diária de 250 tentativas de ciberataques, um número, entretanto, inferior à média de 350 casos verificados diariamente em 2023, informou o governador da instituição.

"O Banco Nacional de Angola está a reforçar, sobremaneira, os pilares de cibersegurança, implementando processos e tecnologias inovadores com recurso à inteligência artificial, aos quais se junta um forte investimento no seu quadro de especialistas, por forma a reforçar a confiança dos participantes no sector financeiro por si regulado e supervisionado", disse Manuel Tiago Dias, quando intervinha, em Abril último, em Luanda, numa conferência ‘A Cibersegurança no Sistema Financeiro Angolano’.

Observou, na ocasião, que o sistema financeiro e os bancos são alvos preferenciais dos criminosos, havendo necessidade de melhorias constantes dos sistemas de cibersegurança destas instituições.

Manuel Tiago Dias sublinhou que estão a ser concebidos instrumentos normativos que visam adequar a regulamentação vigente à dinâmica que o ambiente cibernético nacional e internacional impõe, impulsionando a troca de informação entre as instituições financeiras e não só no tratamento de incidentes cibernéticos, cujas motivações e impactos podem tocar na escala nacional.