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BAI ultrapassa BFA no financiamento ao Estado

Fernando Baxi
10/4/2023
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O Banco Angolano de Investimentos (BAI) é a instituição bancária do sistema que mais financiou o Estado em 2022 e ultrapassa o Banco de Fomento Angola (BFA) neste segmento de negócio.

Até ao exercício económico de 2021, o BFA detinha o 'estatuto' de maior credor do Estado, a carteira de títulos e valores mobiliários (dívida pública), como se pôde observar na informação financeira daquela sociedade bancária, valia pelo menos 1,2 biliões de Kwanzas e representava (aproximadamente) 47% do activo.

Após longo 'domínio' do BFA no negócio mais rentável dos bancos no País, principalmente os de grande dimensão, o BAI assume o 'leme'. A dívida pública, no ano passado representou quase 41% do activo, sendo que a carteira de títulos e valores mobiliários ficou cifrada em pelo menos 1,3 biliões Kz.

A instituição bancária cuja Comissão Executiva é presidida por Luís Lélis consegue (uma vez mais) bater o BFA na concorrência. Há sensivelmente três anos o banco detido pela UNITEL (51,9%) e Banco BPI (48,1%) tinha o maior activo bancário do sistema, mas perdeu para o BAI que, de acordo com os números, hoje lidera a banca angolana.

O BFA ainda mantém o 'estatuto' de banco mais lucrativo do sistema, em 2022 o resultado líquido foi de pelo menos 140, 4 mil milhões Kz, enquanto o BAI lucrou perto de 100, 2 mil milhões Kz. Face ao investimento das duas sociedades, sobretudo em títulos da dívida pública, os indicadores apontam para mudança no próximo exercício.  

No cômputo geral, a carteira de títulos e valores mobiliários dos bancos de grande dimensão (BAI, BFA, BPC, ATLANTICO e BIC) ficou calculada em quase 4,2 biliões Kz, o que reflecte (aproximadamente) 41% do activo agregado das respectivas instituições.

Sobre a carteira de títulos e valores mobiliários agregada, referente ao exercício económico de 2022, segundo cálculos da Economia & Mercado, à base da informação financeira dos bancos citados, o BAI tem um peso de 30,8%; BFA - 24,8%; BPC - 20,5%; ATLANTICO - 14,6% e BIC - 9,3%. Tendo em conta a influência na economia e no sistema financeiro, estes são tidos sistémicos.

Apesar da estrutura económica, sobretudo nos últimos sete anos, a banca resistiu às adversidades, como prova o número de bancos sistémicos subiu para 10 com a recente inclusão (após avaliação do Banco Nacional de Angola) dos Bancos KEVE e BNI.

A elevação do KEVE e BNI a bancos sistémicos, de acordo com Bruno Inglês, administrador executivo (em comissão de serviço) da Sol Seguros, é um facto positivo para as duas sociedades financeiras, embora “acarrete um esforço maior”. Aliás, demonstra a responsabilidade das mesmas, quanto à actividade ao longo dos últimos anos.

Face à avaliação do BNA, fazem parte do conjunto de bancos sistémicos, o BAI, BFA, BPC, ATLANTICO, BIC, Standard Bank Angola, Económico, Sol, KEVE e BNI.

Aqueles bancos são considerados sistémicos pela importância na economia, a falência deles pode representar um perigo para o sistema financeiro no seu todo.