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PATROCINADO

Banca sem produtos para agricultura familiar

José Zangui
3/6/2021
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Foto:
Carlos Aguiar

Os participantes da conferência que debateu a "Produção Nacional Versus Importação. Que caminhos?” advogaram a necessidade da banca abrir-se mais ao financiamento de projectos agrícolas.

No entender dos operadores agrícolas presentes na conferência promovida ontem, quarta-feira, 19 de Maio, em Luanda, pela Revista Economia & Mercado, o financiamento bancário não deve ser confinando apenas a agricultura empresarial.

A agricultura familiar representa 91% de toda a produção agrícola do país, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pescas, referentes a campanha agrícola 2019-2020, mas este segmento não é apoiado pela banca por não estar estruturado por cooperativas ou associações.

Atualmente os bancos cedem créditos apenas aos agricultores empresariais, desde que apresentem projectos que se revelem negócios viáveis, alegando serem mais seguro por estarem legais.

Mas muitos dos projectos empresarias também são chumbados, por exemplo, segundo a directora da direcção de agronegócio, Maria Filomena Nogueira, em cada dez projectos que chegam a banca, apenas três apresentam-se bem estruturados, dai a razão de muitos serem rejeitados por insuficiências.

O Banco de Fomento Angola (BFA) tem disponível cinco produtos de crédito, dentre os quais o PAC, PDAC, o Crédito de Campanha Agrícola, para micro, pequenas médias e grandes empresas. Entretanto, a responsável avisou que o BFA nunca financia a totalidade do projecto.

Por sua vez, Bonifácio Cessa, representante do Banco de Desenvolvimento Angola (BDA), afirmou que aquela instituição está disponível em ajudar a produção nacional, mas, para o caso dos camponeses individuais, é necessário que se juntem em cooperativa ou associações, com vista a se ter um interlocutor válido.

Já o director Central do Agro Bic, Jorge Veiga, disse constatar “um forte crescimento da agricultura em Angola”, mas longe do que se pretende. O BIC, um banco de referência, nos últimos três anos financiou 28, 2 mil milhões de kwanzas, a economia, sem deixar de parte a agricultura.

De acordo com Jorge Veiga, a instituição bancaria vai continuar dar o seu apoio, porém, entende que, as organizações governamentais deviam fazer mais, porque “ a banca não é salvadora da pátria, dá o seu apoio, mas não dá pelo facto de o proponente apresentar um papel bonito”, disse, acrescentado que o BIC não quer fazer parte das estatísticas dos bancos com elevados mal-parados.

A conferência juntou, cerca de 80 pessoas, entre decisores políticos e especialistas de diversa áreas e com uma participação de outros nas plataformas digitais.