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Burocracia e infras-estruturas lideram lista de incômodos dos investidores

Cláudio Gomes
30/5/2023
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Foto:
Carlos Aguiar

O chefe de Departamento de Promoção Exportações e Negócios Internacionais da AIPEX disse que as infras-estruturas e a burocracia são as que mais preocupam os investidores.

Jorge Pinto que participou num dos paíneis das Conferência Sanlam Angola que debateu recentemente em Benguela “O sector agrícola em Angola: desafios e potencialidades”, disse que a alta burocracia no funcionalismo público, a ausência de infra-estruturas agrícolas, assim como lacunas nas cadeias de valores, estão entre as principais reclamações reportadas por investidores nacionais e estrangeiros que operam no País.

“Temos estado a interagir com vários investidores internos e externos que apontam grandes desafios que têm que ver com alguma burocracia no funcionalismo público, a falta de infraestruturas agrícolas, as lacunas nas cadeias de valores ligadas ao sector, mas também temos estado a receber um bom feedback nas questões das oportunidades”, enumerou.

No evento organizado no âmbito da Feira Internacional de Benguela que decorreu de 24 a 27 deste mês e ano, a fonte referiu que actualmente os investidores “olham mais” para os desafios decorrentes da ausência de infras-estruturas do que propriamente dos incentivos fiscais tendo em conta que na óptica destes (investidores) as infras-estruturas encarecem mais o negócio como são os casos dos transportes e dos serviços.

Frisou, no entanto, que apesar das preocupações levantadas, o sector agrícola tem merecido “grande aposta do Estado”, apontando o Plano Nacional de Fomento da Produção de Grãos (PLANAGRÃO) e do Plano Nacional para a Pecuária (PLANAPECUÁRIA), como exemplos de acções do Executivo que visam criar estruturas de desenvolvimento ao sector agrário e ao sector pecuário.

“Por exemplo, tivemos investidores nacionais e estrangeiros que para implementar os projectos tiveram que criar cadeias da produção (que é o negócio), a cadeia logística e às vezes a cadeia comercial”, apontou, informando que a AIPEX vários intervenientes do sector dos referidos programas, bem como sobre os incentivos e sobre Lei de Investimentos.

“Temos o sector da agricultura como prioridade. Temos um maior número de incentivos fiscais e aduaneiros para o sector agrário”, sublinhou em representação da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola (AIPEX).

Sobre esta questão, por outro lado,  o empresário Manuel Monteiro, com quem partilhou o referido painel, asseverou o quadro apontando outros constrangimentos além da burocracia e dos incentivos fiscais, que no seu entender concorreram para baixar os custos dos produtos no mercado.

Manuel Monteiro -Empresário

Referiu, neste sentido, que o preço final dos produtos nacionais são também agravados por falta de infras-estruturas de rede de transporte de energia eléctrica, estradas principais, secundárias e terciárias.

“Angola tem um dos grandes desafios que é a industrialização do País. Todos sabemos que o País não produz agroquímicos e fertilizantes, embora começa-se a dar os primeiros passos a nível de produção de sementes de cereais, mas ainda não produz sementes de hortícolas”, salientou, afirmando que os desafios são enormes e que precisa-se de um ordenamento do território.

De acordo com a fonte, as dificuldades com os custos de produção serão sempre um desafio enquanto o País não dispor também de estruturas como um sistema logístico apto. Por via disso, reforçou, Manuel Monteiro, não será possível baixar os custos de produção com o agravante da protelação da moeda.  

“É do conhecimento de todos que nos últimos dois meses não tem havido disponibilidade (moeda) e isso acaba por incitar o mercado. Fazendo uma logística com base na importação, se a desvalorização é acentuada em dois meses claramente que irá refletir no produto a importar apesar de  os produtos agrícolas tenham estado a baixarem em relação ao mercado internacional”, disse.

A Sanlam Angola, empresa do Grupo Sanlam, organizou duas conferências durante a 12ª edição da FIB, onde trouxe a baila temas central do certame (O Corredor do Lobito) que focaram nas potencialidade e desafios da cadeia de valor do sector agrícola (agro-negócios e seguros) e do Corredor do Lobito (transportes e logística).

A 12ª edição da Feira Internacional de Benguela (FIB), que decorre no Estádio Nacional de Ombaka, foi co-organizado pela Eventos Arena, empresa angolana que coordena a realização de feiras, e o Governo da Província de Benguela (GPB).

A seguir a FIB, terá lugar de 18 a 22 de Julho deste ano, na Zona Económica Especial (ZEE), a Feira Internacional de Luanda (FILDA), maior evento do programa de feiras da empresa organizadora, numa organização conjunta com o Ministério da Economia e Planeamento (MEP).