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Cidadãos assassinados no Kapalanga eram desconhecidos naquele bairro

José Zangui
21/1/2022
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Foto:
DR

Os cinco cidadãos assassinados, supostamente pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), no bairro Kapalanca, em Luanda, não eram moradores daquela zona, segundo testemunhas.

A equipa da E&M deslocou-se até ao bairro Kapalanca, município de Viana, em Luanda, aonde no passado dia 15 de Janeiro cinco cidadãos apareceram mortos na via pública.

O facto dos homens mortos a tiro no Kapalanga serem estranhos pelos moradores daquela zona, reforça a versão segundo a qual eram supostos marginais ou “batuqueiros”, como são chamados vulgarmente.

No terreno, em declarações à E&M, moradores descreveram o que aconteceu naquele dia 15 de Janeiro antes da execução sumária: “É uma coisa que só vista nos filmes. Foram cinco minutos de tiroteios que resultaram em cinco mortes”, contam.

Dona Emília, moradora, mostrou os furos que as balas deixaram, para mais adiante contar que os jovens são desconhecidos no bairro e são supostos “batuqueiros” de viaturas que estavam a ser perseguidos a partir do bairro Zango.  

Na tentativa de esconderem-se no bairro Kapalanga, entraram num beco que acharam que não tinha saída, mas os moradores mostraram à equipa da E&M que afinal tem saída.

Sem saída para os agora cadáveres, os supostos agentes do SIC aproximaram-se a disparar “sem dó nem piedade”, culminando com a morte dos cincos cidadãos.

A rua ficou banhada de sangue, contaram os moradores. Entretanto, constatámos no local que o sangue já foi tapado com areia. Dona Emília assegurou à E&M que a viatura que aparece nas imagens que circularam nas redes sociais, um Land Cruiser, não pertence aos supostos criminosos. Garante que o carro é propriedade da vizinha.

“Acontece que uma das vítimas, em meio ao tiroteio, tentou esconder-se debaixo do carro da minha vizinha e foi abatido, daí a aparição do carro nas imagens. Aquele carro que aparece nas imagens é da vizinha”, reforçou.  

Os moradores contaram ainda que as vítimas estavam, de facto, num carro, mas depois de mortas, os autores da execução sumária levaram a viatura, reforçando que não é aquela que está nas imagens.

A zona do Kapalanga, próximo ao edifício AAA, na via Expressa, aonde ocorreu o facto, é tida pelos moradores como calma e nunca ter assistido casos do género.

Aqueles que assistiram ao “filme”, em plena luz do dia, por volta das 11 horas, dizem estar traumatizados. A dona da viatura, que aparece nas imagens que circularam nas redes sociais, viu-se obrigada a mudar de casa e outros moradores pensam fazer o mesmo.

Em nota distribuída à imprensa, o Serviço de Investigação Criminal diz ter sido chamado, na tarde de sábado, 15 de Janeiro de 2022, para remover cinco cadáveres no bairro Kapalanga, e que diante dos factos os investigadores criminais e peritos de campo do Laboratório Central de Criminalística deslocaram-se para o local da ocorrência e procederam a remoção dos respectivos cadáveres, sendo que, três desses indivíduos foram encontrados com armas de fogo do tipo pistola.

Segundo a nota, “perante tão relevante facto, o SIC instaurou o competente procedimento investigativo para apurar as circunstâncias em que ocorreram as respectivas mortes”, escreve o SIC.

Até ao fecho desta peça, a E&M soube que os corpos ainda não foram entregues aos familiares para o devido funeral e nem as famílias reclamaram os corpos junto do SIC.

A E&M contactou o SIC para obter mais esclarecimentos, principalmente sobre a viatura na posse dos supostos marginais, o seu Porta-Voz, Fernando Carvalho, disse ter tomado boa nota das perguntas, “mas não pode se pronunciar porque o Serviço de Investigação Criminal ainda se encontra a trabalhar no caso”.