A informação foi revelada, esta semana, pelo Jornal de Angola, que cita a apresentação de um estudo feito pela empresa de consultoria LBC, que incide sobre a cadeia de valor de matérias-primas minerais para construção.
O estudo, de acordo com Jornal de Angola, refere que na última década e meiaAngola priorizou a reparação, expansão e modernização das infra-estruturas como“elemento central” da reconstrução pós-guerra civil e do desenvolvimento económico.
Segundo o documento indicado pelo Jornal de Angola, investimento foi inicialmente apoiado por um “boom” económico liderado pelo petróleo, com um crescimento médio anual do PIB de 9,1% entre 2006 e 2014, refere a consultora, que adianta, no entanto, ter havido pouca “robustez” no acompanhamento desse crescimento.
“No entanto, condições macroeconómicas favoráveis e financiamento abundante – apoiado por receitas do petróleo e linhas de crédito chinesas – não foram acompanhadas por uma gestão e supervisão robusta. Acresce que o financiamento em fase com o aumento do preço do petróleo resultou no aumento da dívida pública e agravou a vulnerabilidade estrutural às flutuações do preço do petróleo”, diz a LBC.
Segundo a consultora, a queda do preço do petróleo nos mercados internacionais impôs um ciclo recessivo e o aumento da incerteza face ao futuro. “O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entrou em colapso em 2015 e contraiu-se ao longo dos últimos anos, situando-se em menos de 0.4% no primeiro trimestre de 2019”, sublinha.
Para a LBC, a crise do preço de petróleo também deu origem a “défices duplos” nas contas fiscais e correntes de 2014 em diante.
A dívida pública duplicou ao longo dos últimos quatro anos, enquanto a inflação atingiu mais de 40% em Dezembro de 2016, “expondo riscos macro-financeiros significativos”, segundo o Banco Mundial, citado neste estudo.
Diversificação económica
Por outro lado, escreve o Jornal de Angola, o estudo destaca o “ambicioso programa de reformas”, lançado pelo Governo, a partir de 2017, para enfrentar os desequilíbrios macroeconómicos e alcançar um crescimento sustentável e inclusivo, baseado na diversificação da economia, melhor governação e um maior protagonismo do sector privado.
“A diversificação da economia é essencial para um crescimento mais sustentável”, diz o estudo, notando que Angola é o segundo país “menos diversificado do mundo em termos de exportações (depois do Iraque)”, segundo o Banco Mundial.
A consultora sublinha, também, que o crescimento de Angola baseou-se na extracção de petróleo e diamantes, mas que “estes não foram geridos de forma a aumentar a riqueza do país”, apresentando Angola uma taxa de poupança ajustada negativa, algo que “mostra que o país tem sido ineficiente na conversão dos seus recursos naturais em capital produtivo”.
“Uma economia mais diversificada poderá criar emprego e gerar um crescimento mais inclusivo e assegura um melhor amortecimento da economia contra variações do preço do petróleo nos mercados internacionais”, sublinha.
Mas a LBC traça um quadro mais optimista para o país. Diz que com a “descarbonização” em curso da economia angolana é provável que o mercado do petróleos e reduza, a médio prazo, e que algumas reservas nunca venham a ser exploradas. Acrescenta que, apesar do “contexto recessivo”, o potencial de diversificação da economia é elevado, pelos recursos naturais, incluindo minerais para a construção, indústria química, alimentar e outros sectores.