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Desastres naturais afectam crescimento económico

Cláudio Gomes
19/10/2018
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Foto:
DR

O crescimento económico em Angola foi, em grande medida, afectado pelas catástrofes naturais, o que causou perdas consideráves de infraestruturas importantes para a sobrevivência das populações.

Esta informação foi avançada, recentemente, em Luanda, pelo Coordenador Residente da ONU, Pier Balladelli, durante a abertura do seminário sobre Redução de Risco de Desastres realizado pelo Governo angolano.

A perda de vidas humanas e de meios de subsistência devido a desastres naturais afectou significativamente o crescimento económico de Angola

Continuando, Balladelli referiu que tanto as inundações, quanto a seca que assolaram o sul do país, afectaram cerca de 1,5 milhão de pessoas no ano passado (2017), tendo por isso, considerado necessário aumentar a resiliência das populações.

“É extremamente importante aumentar a resiliência da população, garantindo que o risco de desastres e o impacto das mudanças climáticas não comprometem os esforços em alcançar os Objectivos deDesenvolvimento Sustentável (ODS) em Angola”, concluiu.

Por outro lado, Luca Rossi, do UNISDR, “Mais de 80% das perdas económicas por desastres são ocasionadas devido a eventos relacionados com o clima, que estão a tornar-se mais graves por causa das alterações climatéricas”.

Continuando, Rossi, disse que na “África Subsaariana estão dois terços dos Países Menos Desenvolvidos e mais propensos a desastres recorrentes”, e que “os países mais pobres são os que habitualmente sofrem grandes perdas humanas, enquanto as economias em transição costumam registar os números mais altos de perdas económicas directas e indirectas”.

Este responsável da UNISDR, considerou que as catástrofes naturais decorrentes das variações climáticas constituem um entrave aos avanços preconizados pela ONU.

“Isto pode ser um travão aos esforços de desenvolvimento e contribuir para que as comunidades mais pobres continuem a viver nos limiares da pobreza. Angola inclui-se neste grupo”, alertou.

O UNISDR e a CIMA Fundação de Pesquisa desenvolveram o perfil multirriscos probabilístico em Angola, focalizado principalmente nas inundações e seca. Foi neste sentido, o representante da CIMA, Marco Massabó, apresentou o perfil de Angola com uma abordagem ampla de desastres e exposição a inundações e seca no país, com considerações sobre tendências de mudanças climáticas e contexto socioeconómico, durante os próximos 50 anos.

“O objectivo deste workshop é informar dos resultados dos perfis de risco e dar aos responsáveis do governo,e de outros organismos com poder de decisão, ferramentas e metodologias para tomar decisões informadas e apoiar o desenvolvimento de estratégias holísticas de redução de riscos”.

Por outro lado, em representação do Ministro do Interior e Coordenador da Comissão Nacional daProtecção Civil (CNPC), Ângelo Veiga Tavares, o Secretário de Estado do Interior, Hermenegildo José Félix, salientou o compromisso de Angola em institucionalizar a redução de risco de desastres e mudanças climáticas, a nível nacional, regional e local.

Este responsável, salientou que “este país sofre de desastres naturais recorrentes o que cria vulnerabilidades. Os temas apresentados neste workshop vão constituir ferramentas fundamentais para o reforço da capacidade das estruturas nacionais e provinciais na prevenção, resposta e recuperação dos desastres, na consolidação da capacidade nacional na gestão de ameaça e segurança humana. Nesse sentido, o financiamento de estratégias integradas na proposta de desenho de mecanismos financeiros para a redução e gestão de riscos de desastres poderá gerar no país um maior crescimento e desenvolvimento tanto económico, como social”.

O perfil de risco de desastres permitirá ao país estabelecer um plano de acção para uma análise de custos-benefícios, no sentido de reduzir os desastres naturais e os efeitos das mudanças climáticas. O estudo revela uma estimativa de futuras perdas económicas perante as actuais e futuras condições climatéricas, em diferentes sectores da economia. Os sectores identificados pelos objectivos doQuadro de Sendai são os seguintes: habitação, saúde e educação, agricultura,recursos produtivos, infra-estruturas críticas e transportes.

Por sua vez, O representante do UNISDR, Luca Rossi, elogiou o facto de Angola liderar uma abordagem inclusiva aos riscos de desastres naturais e mudanças climáticas.

“Este workshop é um pilar na implementação do Quadro de Sendai em Angola, mas mais esforços são necessários para conseguir construir comunidades resilientes e alcançar o desenvolvimento sustentável. O UNISDR apoiará totalmente futuros investimentos na redução de riscos de desastres naturais, em linha com a Agenda2030 para o Desenvolvimento Sustentável, bem como com a Agenda 2063: A África que Queremos”.

Neste sentido, Edson Fernando, da direcção da Comissão Nacional de Protecção Civil, e ponto focal em Angola para a Monitorização do Quadro de Sendai, apresentou a Estratégia Nacional para a Redução de Risco de Desastres Naturais em Angola que foi aprovada por decreto presidencial em 2015. Edson Fernando explicou as questões de preparação, contingência, resposta e recuperação do plano para 2015-2017 e lembrou que a descentralização do país vai fazer com que financiamento de planos a nível provincial e por sectores sejam implementados.

Também referiu os projectos actuais de incluir nos programas de ensino matérias sobre redução de risco de desastres. No final do workshop, Edson Fernando, apelou ao sector privado, doadores e sistema das Nações Unidas para fomentar a cooperação e coordenação, no sentido de se permitir a continuidade destes projectos e do seu financiamento.

O seminário contou com o apoio do Escritório das NaçõesUnidas para a Redução de Riscos de Desastres (UNISDR) e da CIMA - Fundação dePesquisa que desenvolvem acções no âmbito do programa “Construir resiliência aos Desastres Naturais nas Comunidades, Países e Regiões da África Subsaariana”,

Financiado pela União Europeia, o programa tem como objectivo permitir que os países africanos operacionalizem a Estratégia Africana para a Redução de Risco de Desastres e o seu Plano de Acção. A referida metodologia enquadra-se no Plano de Acção da ONU para a Redução de Desastres que busca a integração das organizações do sistema da ONU.