O Governo zambiano acaba de celebrar uma série de acordos com a Power China, que visam abordar a actual crise energética do país, agravada por uma das piores secas da história recente. Estes acordos acontecem dois meses após o país vizinho ter rubricado protocolo com Angola para receber desta energia eléctrica através de uma integração regional, que beneficiará, igualmente, a RD Congo.
Os acordos celebrados esta semana entre a ZESCO, a empresa estatal de energia da Zâmbia, e a empresa chinesa, são vistos, segundo o Lusakatimes, como um passo crítico na diversificação das fontes de energia eléctrica da Zâmbia e na mitigação do impacto da escassez de energia agravada pelas mudanças climáticas.
Os protocolos incluem, sobretudo, a construção de várias instalações de sistemas de energia solar em toda a Zâmbia, que se espera aliviar significativamente o défice de energia no país.
Presente na cerimónia de assinatura dos acordos com a Power China, o Presidente Hakainde Hichilema destacou a importância desses memorandos para garantir um futuro de energia sustentável para a Zâmbia.
“Estamos totalmente cientes dos impactos negativos da insegurança energética na nossa economia, daí a nossa determinação em encontrar uma solução duradoura”, disse o Chefe de Estado zambiano.
Abordou os desafios enfrentados pelo sector de energia, observando que a seca actual expôs ainda mais a vulnerabilidade da Zâmbia à dependência de energia hidreléctrica.
“A seca teve um efeito cascata na nossa economia e nos meios de subsistência do nosso povo, especialmente nos mais vulneráveis da sociedade – mulheres e jovens. No entanto, esta crise também fortaleceu a nossa determinação de emergirmos ainda mais fortes como nação”, disse.
Citado pelo Lusakatimes, Hichilema sublinhou que diversificar a matriz energética da Zâmbia, reduzir a dependência da hidroelectricidade e adoptar a energia solar são passos cruciais para construir um sector energético resiliente.
Angola tem excedente para vender
Governo angolano assinou, no início de Julho deste ano, um acordo que prevê a interligação eléctrica com a República Democrática do Congo (RDC) e Zâmbia, através de uma linha com mais de 1.200 quilómetros, um investimento privado de mais de 1 milhão de dólares.
O objectivo é avançar na integração regional da energia e vender electricidade a empresas, sobretudo ligadas à indústria mineira, adiantou o ministro da Energia e Águas (MINEA), João Baptista Borges, na assinatura do memorando entre o MINEA, a Rede Nacional de Transporte de Electricidade, a Promarks Energy e a Trafigura (promotores).
Angola tem um excedente de produção de energia que pode ser exportado para uma região "onde a procura é significativa, principalmente relacionada com a exploração mineira", sublinhou o governante, citado pela Lusa.
O País conta, actualmente, com uma capacidade instalada de produção de energia de 6.500 megawatts (MW) e uma procura interna de apenas 2.300 megawatts, estando previsto fornecer, através desta linha, até 2.000 MW à região Leste da Zâmbia e à RDC.