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Especialista defende aumento da produção nacional para minimizar efeitos da Covid-19

Cláudio Gomes
19/8/2020
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Foto:
Carlos Aguiar

O especialista em Sistemas de Agricultura e Desenvolvimento da Agricultura Tropical, Castro Camarada, defendeu, hoje, o aumento da produção interna de alimentos apesar do surto do novo Coronavírus.

Para o agrónomo, as incertezas decorrentes do actual contexto imposto pela pandemia, podem ser grandes oportunidades para o país apostar com mais afinco na produção interna de alimentos.

O especialista que dissertava o tema “Segurança Alimentar, Alterações Climáticas e Gestão de Recursos Naturais no Contexto da Covid-19”, enquadrado no ciclo de “Conferencias E&M”, realizado em Luanda, disse que “é necessário produzir a maior parte daquilo que se consome” internamente.

Segundo Castro Camarada, que abriu o primeiro painel de debate do tema em referência, apesar das incertezas vigentes, o país tem em suas mãos possibilidades para produzir localmente grande parte de alimento que consome.

Entretanto, admitiu, que será sempre necessário deixar espaço para a importação de outros bens, uma vez que não se consegue deixar de importar da noite para o dia, mas insistiu que o foco actualmente deve estar centrado na produção interna.

“Como todos sabemos, já estávamos numa situação relativamente difícil, do ponto de vista económico e a Covid-19 veio agravar ainda mais as coisas”, referiu, salientando que, entre outras coisas, a pandemia veio afectar o sistema logístico de abastecimento de alimentos, de insumos, para além de prejudicara mobilidade, bem como a mão-de-obra e comércio transfronteiriço.

Algumas das consequências resultantes do surto da pandemia são do lado da oferta, especificou o agrónomo, mas, salientou, há também consequências do lado da procura como a redução da renda de muitas famílias resultante das elevadas taxas de desemprego.

Para alteração deste quadro, Castro Camarada sugere uma maior aposta no ensino e serviços de investigação e extensão rural, salientando que o país precisa de maior conhecimento e capital humano no sector da agricultura, no que respeita a ciência e tecnologia.

Incertezas no preço dos alimentos

Em relação as projecções feitas pelo Fundo das Nações Unidas para a Agricultura (FAO) sobre o preço dos alimentos, o especialista em Sistemas de Agricultura e em Desenvolvimento da Agricultura Tropical disse que “os números vão subir” pelo menos até 2030 devido a pandemia da Covid-19.

“A FAO fez uma estimativa de três cenários da Covid-19 até o ano de 2030. Toda esta situação introduz algumas incertezas no preço dos alimentos no mercado internacional, bem como nas quantidades de alimentos que estarão disponíveis”, detalhou.

De acordo com Castro Camarada, referindo-se ao aumento da procura de milho e sorgo, no mercado internacional, já se verifica um aumento de valores consideráveis. “A China está a comprar grandes quantidades de milho e de sorgo”, alertou.

Para o especialista, de uma forma geral, o que se verifica, actualmente, é uma contração do crescimento global, sendo que os dados oficiais indicam que haverá uma contração de 4% a nível global, na região austral de África, com uma das economias mais avançadas da região, a da África do Sul, a contrair na ordem dos 8% e Angola, em particular, 3,3%.

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