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Especialista em assuntos do mar preocupado com a pouca participação da academia angolana

Cláudio Gomes
6/9/2022
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Foto:
Carlos Aguiar

A situação actual da academia angolana em matéria de produção de informações sobre o mar “é precária”, segundo sinaliza o investigador angolano Damião Ginga.

Para o docente universitário Damião Ginga, a precariedade acentua-se, sobretudo, quando observa-se também o “quase inexistente debate sobre estas matérias”, bem como o registo de uma “quase inexistente produção científica sobre os assuntos do mar”.

O especialista em assuntos do mar explicou, recentemente, em entrevista à Economia & Mercado, que noutras latitudes, a academia, com as suas competências de produção científica e de inovação e desenvolvimento, surge como o eixo principal para a elaboração, monitoramento e avaliação das políticas públicas.

Segundo o docente, as universidades e academias constituem-se no “espaço ideal” para a produção de conhecimento científico e o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, que podem contribuir para a exploração sustentável dos oceanos.

“Entende, assim, que a produção e divulgação de informação sobre o mar angolano é importante para a economia, porque permite uma melhor percepção sobre o ‘estado de arte’ dos subsectores envolvidos, mas na visão do académico, considerando a realidade concreta, é ainda “um desafio premente em Angola”, realçou o também consultor e investigador nas áreas de Políticas Públicas Marítimas, Economia do Mar/Azul, Estudos Estratégicos e Assuntos Marítimos.

Para si, as informações tornariam “possível identificar” os recursos existentes, mensurar qualitativamente o potencial inerente a cada subsector, bem como perceber as melhores oportunidades, identificar os principais desafios, em benefício dos operadores ou investidores nacionais e estrangeiros. “A falta de dados operacionais sobre os diferentes subsectores, ao longo dos anos, tem-se constituído num entrave para o investimento nestas matérias. A falta de informação e de dados estatísticos sobre os diferentes subsectores do sector marítimo-portuário continua a constituir um dos maiores entraves para o seu desenvolvimento”, disse.

Damião Ginga é Professor Associado Convidado da Academia Diplomática de Angola (Venâncio de Moura) e da Universidade de Luanda, consultor e investigador, nas áreas de Políticas Públicas Marítimas, Economia do Mar/ Azul, Estudos Estratégicos e Assuntos Marítimos. É igualmente membro do Conselho Consultivo do Boletim GeoÁfrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro Associado ao Centro de Estudos Estratégicos da Marinha Portuguesa e membro Associado ao Instituto Lusófono de Investigação e Desenvolvimento.

No leque da sua contribuição para a academia destacam-se teses, livros e artigos como “Angola e a Complementaridade do Mar: o mar enquanto elemento geoestratégico de segurança, defesa e afirmação de Angola”; “A importância da governação integrada do oceano para uma Economia azul em Angola”; a “Agenda 2030 e a Economia Azul enquanto vetor para o desenvolvimento sustentável e diversificação económica em Angola”; “Angola uma Nação Atlântica? A sua actuação nos Espaços Estratégicos de Interesse Nacional no Mar”, entre outros.