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Estado deve assumir financiamento da agricultura familiar

Fernando Baxi
20/2/2023
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Foto:
Isidoro Suka

A banca não consegue substituir o Estado no financiamento à agricultura familiar em Angola, afirmou a directora executiva de Clientes Comerciais e Negócios do Standard Bank.

Intervindo no segundo painel da V Conferência Economia & Mercado sobre Agricultura, que abordou o Aviso nº 10 do BNA e o Fomento da Produção Nacional, Carolina Remísio disse ser possível financiar agentes ligados à agricultura familiar, mas para aquisição de insumos, pois é um segmento cuja representatividade ronda os 80%.

Apesar da boa vontade da banca, Carolina Remísio enumerou alguns entraves que têm dificultado as instituições bancárias a financiar projectos da agricultura familiar, entre eles a falta de literacia por parte dos agricultores, na maioria mulheres.

Carolina Remísio, à semelhança de um dos participantes no evento, defendeu maior protecção dos agentes económicos do agronegócio, principalmente o pequeno agricultor, como acontece nos sectores do hidrocarboneto e diamante.      

Assista mais em https://www.youtube.com/watch?v=8me_FB5AHQw

Hugo Teles, presidente da comissão executiva do BIC, banco que mais crédito concede à economia, afirmou haver interesse da banca em financiar projectos no sector agrícola, mas a maioria dos agentes ligados a essa actividade económica é inexperiente.   

“Temos todo o interesse de participar no desembolso de crédito e acompanhar a execução dos projectos, mas não há muita gente”, disse Hugo Teles, PCE do banco que no exercício económico de 2022 investiu pelo menos 50 mil milhões de Kwanzas na economia.

Ainda assim, o responsável pela gestão do BIC considerou o risco um dos factores inibidores do financiamento à agricultura, sobretudo a familiar que é responsável por quase 90% da produção agrícola no País, como ficou expresso na V Conferência da Economia & Mercado, realizada em Luanda, no dia 15 de Fevereiro de 2023.     

Philippe Alliali, presidente do conselho de administração da Sanlam, defendeu a atribuição de subsídio ao pequeno agricultor, como forma de suprir a falta do seguro agrícola, um instrumento financeiro que daria outro rumo ao agronegócio no País.    

O líder de uma das maiores seguradoras a operar no País chegou mesmo a considerar Angola um país sortudo, pelo facto de ter outros recursos naturais (petróleo e diamante) e não depender somente da agricultura.

O contrário, continuou, despertaria outro interesse institucional, como aconteceu na Costa do Marfim.

Para João Germano Silva, directorda Agricultiva, a solução do problema em debate passa pela subsidiação inteligente no sector da agricultura.

O empresário concorda com o pensamento de que sem subsídio, principalmente ao pequeno agricultor, o problema jamais será resolvido.                 

Foram prelectores no primeiro painel, José Gama Sala, administrador Executivo AIPE, Wanderley Ribeiro, presidente da AAPA (Associação Agropecuária de Angola), Anderson Jerónimo, director do GEPE do Ministério da Agricultura e Florestas, Eduardo Machado, Coordenador da Reserva Estratégica Alimentar e César Augusto Lopes da Cruz, director Nacional da Indústria, sob moderação do jornalista Mariano Quissola.

Integraram o segundo painel, que foi moderado pelo jornalista Carlos Rosado de Carvalho, Carolina Remísio directora Executiva de Clientes Comerciais e Negócios do Standard Bank; Philippe Alliali, PCA Sanlam Angola, Diogo Caldas, CEO Refriang; João Germano Silva, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Subsidiária Agricultiva e Hugo Teles, PCE do Banco BIC.

A conferência contou ainda com a presença de vários especialistas em matéria de agronomia, investidores, académicos e decisores políticos de vários departamentos ministeriais e decorrereu em dois formatos (presencial e híbrido). A gravação da conferência ainda está disponível nas plataformas digitais como o Facebook https://fb.me/e/2DCkBm1A3 pelo YouTube em (148) (AO VIVO) V CONFERÊNCIA E&M SOBRE AGRICULTURA - YouTube e pelo site da Revista Economia & Mercado em Conferência (economiaemercado.co.ao).