Gerson Conceição, jovem empreendedor do ramo das FinTechs, considera de ‘extrema importância’ a iniciativa do BNA e da Acelera Angola em promover a SandBox, mas afirma que não chega para a sustentabilidade do negócio.
“A Sandbox proporciona um ambiente para a familiarização com os regulamentos do BNA, acredito ser a principal vantagem. A grande dificuldade e desafio para uma Fintech é dar seguimento na implementação da solução no mercado angolano, por falta de financiamento.
Estima Sauma, outro empreendedor, é peremptório: “estas soluções (LISPA e SandBox) são excelentes ferramentas de gestão e de testagem, mas só isso mesmo, pois é como nos levarem aos céus e nos larguem lá”.
Em resposta à estas inquietações, o Vice-Governador do BNA, Pedro Santos e Silva, disse, à margem do evento, que “o financiamento é a última parte deste processo todo. Podemos desenvolver os modelos de negócios, testá-los, mas depois eles precisam de capital”.
“No mercado, isto não vai acontecer por via do crédito bancário. Estamos, de certa forma, felizes porque temos exemplos de start-up que graduaram da incubadora do LISPA e que hoje estão a poucos passos de terem bancos na sua estrutura accionista. É outra forma de financiamento, entrar com capital e não com crédito bancário”, explica o vice-governador.
Pedro Santos e Silva acrescenta que a outra solução para garantir a sustentabilidade financeira às start-ups é por meio da parceria com instituições multilaterais, com destaque para o A IFC, maior instituição global de desenvolvimento voltada para o sector privado nos países em desenvolvimento, do grupo Banco Mundial.
“É uma oportunidade que temos de dizer às start-ups que já existem essas soluções, elas devem consultar as aceleradoras e essas entidades multilaterais, para ver se estão elegíveis para o financiamento”, anuncia Pedro Santos e Silva.
O E&M voltou a contactar Gerson Conceição, beneficiário do LISPA, sobre as soluções e modelos de financiamentos às Fintechs, avançados pelo vice-governador do BNA, respondeu: “estamos desinformados e entregues ao alheio”.
Durante a cerimónia de lançamento da SandBox Regulatória, José Carlos, representante da empresa Acelera Angola, disse que as startups permitirão testar os seus produtos e serviços num ambiente real de mercado e obter orientação regulatória para adaptar a sua actuação à legislação em vigor.
Segundo os promotores do projecto, espera-se que a SandBox Regulatória acrescente valor ao sistema financeiro nacional, uma vez que novos intervenientes, empreendedores e participantes do mercado poderão contribuir para o desenvolvimento de soluções de pagamentos inovadoras, permitindo o acesso das pessoas e empresas às instituições financeiras.
O lançamento da SandBox Regulatória ocorre quatro anos depois da criação do Laboratório de Inovação do Sistema de Pagamentos (LISPA), iniciativa do BNA, para a promoção da inovação, potencialização da oferta de produtos e serviços financeiros diversificados ao consumidor, salvaguardando a gestão de riscos, a fim de impulsionar a inclusão financeira e social.
Consta que o LISPA inclui vários programas de apoio às áreas de Inovação, FinTech e InsurTech, que abrangem os diferentes estados de maturidade dos empreendedores e dos seus projetos.
“Hoje temos já várias empresas com este modelo de negócios minimamente maduro e precisam de testá-lo no mercado. Preferimos fazer este teste num ambiente controlado, onde esses modelos podem ser monitorados pelo BNA. É isso que chamado SandBox Regulatória”, explica o vice-governador do BNA, Pedro Castro e Silva.
Fintech é uma abreviação da palavra em inglês financial tecnology (tecnologia financeira), usada para referir-se a start-ups ou empresa que desenvolvem produtos financeiros totalmente digitais.
As fintechs desenvolveram-se após a crise financeira global do subprime, de 2007-2008, factor que mudou o cenário financeiro. As demandas regulatórias e a aversão ao risco aumentaram. Em resposta, os bancos tradicionais, nos Estados Unidos, por exemplo, deixaram de operar com alguns produtos/segmentos de negócios.