A afirmação é do novo director-geral da MultiChoice Angola, Glauco Ferreira, apresentado recentemente no Cinemax do Belas Shopping, lembrando que a companhia encontra-se em 50 países, e nestes, como a Nigéria, de dimensões menores, todo investimento é proporcional ao tamanho do país.

No entanto, em Angola, não há pouco investimento, é uma percepção que não condiz com a realidade, diz o responsável que reafirma que há aposta cada vez mais no conteúdo local e a intenção é aumentar essa relevância.

Durante o evento, o gestor revelou que a MulitChoice Angola emprega directamente 340 pessoas e indirectamente mais de mil, e que “apesar das dificuldades que estamos a ter no país, nesse momento, por causa da Covid-19”, continua a não demitir, a não reduzir o seu quadro e a contratar quando há oportunidades.

“E daí a importância de se ter um negócio sustentável em Angola, para que possamos crescer de forma sustentável e assim trazer cada vez mais empregos, directo e indirectamente para a população angolana”, considerou.

Fazendo uma comparação, a nível de telecomunicações, entre África e Europa, este último continente onde já trabalhou, o novo director entende que “está todo mundo de olho em África e África já não é o futuro, é a realidade. Na parte de entretenimento, é onde há potencial de crescimento e Angola é a mesma coisa”.

O que o seu grupo identificou é que, sim, cada vez mais, há que se reforçar aquilo que é produção nacional, “porque o angolano gosta de ter experiências internacionais, mas quer se identificar com a sua realidade”, e é por isso que a sua instituição aposta na produção nacional e cada vez mais vai apostar.

Paralelamente a essa questão, questionado sobre o “aumento” dos preços dos serviços DStv registados nos últimos tempos, Glauco Ferreira afirmou que a empresa não aumenta os preços dos serviços DStv, mas sim os reajusta, e “todo reajuste de preço é acertado com o regulador nacional”.

“Não há nada que a MultiChoice faça sem a validação do regulador nacional, e o regulador nacional define qual é o reajuste do preço para a categoria, pois não é uma coisa específica da MultiChoice versus concorrente”, declarou o gestor, apresentado na semana passada, num encontro com a imprensa, decorrido numa das salas de cinema do Belas Shopping.

O responsável continuou ainda que a organização teve, ao longo desse ano, um reajuste de 23%, “sendo que nos últimos dois anos a desvalorização da moeda foi em volta de 98%”, e como 80% dos custos são em moeda estrangeira, isso dá um impacto significativo no seu negócio, daí falar-se sempre em reajuste, nunca em aumento dos preços.

“Temos uma conversa franca e transparente com o regulador, ele faz o seu papel, e nós, de forma alinhada, fazemos esse reajuste”, clareou Glauco Ferreira, garantindo que a companhia procura sempre o melhor entretenimento e aquilo que o consumidor angolano quer assistir, e disse estar sempre aberta para oportunidades e para ouvir propostas.

A nível da relação com os parceiros, Glauco Ferreira apontou a TV Record como um parceiro forte, com programas que têm liderança de audiência, não só no Brasil, mas cá em Angola, e a sua performance vem crescendo de forma sustentável, segundo disse.

“Apostamos nos parceiros que temos, mas sobre o futuro não detalhamos”, declarou, abordando, por outro lado, que, em relação aos serviços, a empresa possui indicadores de índice de serviço ao consumidor, que avalia hora a hora, e consegue identificar quando há um problema ou não.

“Normalmente, conseguimos notar quando há um pico de eventos, quando as pessoas começam a aderir fortemente, e se aí sentimos que se calhar o nível de serviço começa a cair, rapidamente procuramos actuar para corrigir essa queda, para garantir a qualidade essencial”, disse.

Uma das nossas prioridades é trazer essa experiência para o consumidor, de ter o melhor serviço a qualquer hora e qualquer momento, daí que o aplicativo MyDStvApp, que permite ter toda experiência de serviços, proporciona até assistir a canais específicos, mas obviamente há a pretensão de ampliar para toda gama, assegurou.

“Ou seja, estamos dando todo um serviço diferenciado na palma da mão do consumidor, para que ele tenha uma experiência que nesse sentido não se diferencie da Europa ou da América do Sul, e sabemos que há um caminho, mas estamos nesse caminho e queremos acelerar essa qualidade dos nossos serviços cada vez mais”, acrescentou o gestor.

Dos projectos de responsabilidade social constam o Multichoice Talent Factory, que forma jovens angolanos com capacidade criativa, para que possam ingressar no mundo da televisão, cinema e direcção.

“A iniciativa já formou dois angolanos e que já estão a trabalhar nisso, esse ano estamos a formar mais, e temos também uma associação com a OMS para ajudar a população local a combater a pandemia”, partilhou Glauco Ferreira, sem avançar detalhes.