Dados avançados esta semana pelo secretário de Estado para a Economia, indicam que houve um aumento “não satisfatório” da produção do arroz em 12%, entre 2017 e 2021.
Segundo Ivan dos Santos, apesar de “ser uma boa notícia”, o aumento de 12% “não satisfaz” as necessidades reais do país, porque a importação no mesmo período revelou um grau de dependência significativo nas importações. Ou seja, os dados indicam que em termos financeiros, a importação do cereal saiu de 23 milhões e 438 mil dólares, em 2017, para 263 462 000 de dólares em 2021, havendo uma taxa de crescimento média anual de 90%. No período de 2020 a 2021, porém, a taxa foi de -9%.
Para fomentar a produção interna, em particular a produção de grãos, onde consta o arroz, o Executivo disponibilizará 2 852 mil milhões de Kwanzas oriundos de investimentos públicos e privados durante o período 2023-2027, através do Plano Nacional de Fomento da Produção de Grãos (PLANAGRÃO).
As verbas serão aplicadas em duas componentes fundamentais, sendo a primeira avaliada em mais de 1 178 mil milhões de Kwanzas, que visam proporcionar infra-estruturas, fundamentalmente a delimitação das áreas de produção e consequente loteamento, assim como vias de acesso às mesmas asseguradas pelo Estado.
A segunda componente, no entanto, refere-se ao financiamento do sector privado nacional para produção dos grãos referenciados, com mais de 1 674 mil milhões kwanzas disponíveis, reforçando o capital disponível junto do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) e do Fundo Activo de Capital de Risco de Angola (FACRA).
De acordo com o secretário de Estado, com o objectivo de ver a economia cada vez mais vibrante, o Executivo disponibilizará por meio da implementação acelerada do Programa, mecanismos que permitem que a procura seja maioritariamente satisfeita com produção interna, fornecer orientação estratégica, superar os impactos das crises em andamento e construir resiliência contra choques futuros e sobretudo a segurança alimentar.
Custo de produção
Para inverter a tendência negativa e excessiva na importação do arroz, precisa-se melhorar e facilitar o acesso ao conhecimento científico, as infra-estruturas, aos factores de produção e a segurança jurídica aos produtores nacionais.
Ao dissertar no Fórum AAPARROZ, realizado esta semana, em Luanda, pela Associação Agro-pecuária de Angola (AAPA), o consultor da Agropromotora, Hélder Santiago disse que o país se debate ainda com vários handcap’s que condicionam a pujança dos produtores da cultura do arroz.
De acordo com o especialista, a oferta de sementes para a agro-ecologia em Angola é ainda limitada, os aproveitamentos hidro-agrícolas com vocação arrozeira são escassos, a presença limitada de operadores independentes no processamento pós-colheita (secagem e armazenamento), além do baixo poder de compra e ausência de fidelização a um padrão de produto.
Segundo o consultor, é preciso uma estratégia mais eficaz do que oferecer créditos bonificados, uma vez que o custo de produção é amplamente superior aos proventos esperados, causando défice aos investidores.
Para os participantes do Fórum AAPARROZ, a Reserva Estratégica Alimentar seria uma alternativa válida ao problema da aquisição e escoamento da produção nacional, caso comprasse, de facto, aos produtores nacionais a produção ao preço compatível como forma de diminuir o vaco, ao invés de adquirir a produção no estrangeiro.