3
1
PATROCINADO

Indústria transformadora circunscrita a “meia dúzia” de produtos

Michel Pedro
19/10/2018
1
2
Foto:
Carlos Aguiar

O Índice de Produção Industrial registou, no primeiro trimestre do ano, uma variação negativa de -2,6% em relação ao período homólogo de 2017.

A análise de dados estatísticos per- mite perceber que a produção indus- trial no país ainda não vive uma situa- ção positiva, sendo que existe apenas alguma “folga” nos sectores das bebidas, dos materiais de construção, embala- gens, produtos de pescado e artigos de higiene e limpeza, onde a cobertura do consumo por sector roça os 90%, segundo a Associação Industrial de Angola (AIA). Segundo o Índice de Produção Indus- trial (IPI), no primeiro trimestre de 2018, a Captação, Tratamento e Distribuição de Água e Saneamento, com 34,5%, foi a categoria que registou maior variação comparativamente ao período homólo- go de 2017, seguida da Indústria Trans- formadora com 17,1% e da Produção e Distribuição de Electricidade com 1,0%.

Durante o primeiro trimestre de 2018, observou-se ainda, segundo o IPI, uma variação negativa na actividade industrial de -2,4%, comparativamente ao trimestre anterior, isto é, o IV Trimestre de 2017. A categoria Captação, Tratamento e Distribuição de Água e Saneamento registou uma variação trimestral positiva de 6,2%.

O Índice de Pessoas ao Serviço durante o I Trimestre de 2018 registou um de- créscimo de -1,8% em relação ao primeiro trimestre de 2017 e de -1,5% quando comparado com o quarto trimestre do ano anterior. O Índice das Horas Trabalhadas registou, no mesmo período, uma variação homóloga negativa de -2,5% e uma variação trimestral negativa de -1,9%.

Analisando o IPI por tipo de bens, veri- fica-se que os Bens Intermédios (aqueles absorvidos no processo de produção de outros bens) foram os que tiveram maior variação, com 5,1% em relação ao primeiro trimestre de 2017 e 35,6% em relação ao trimestre anterior.

Indústria de bebidas com excedente considerável

 A capacidade instalada da indústria de bebidas é de 5.431 milhões de litros, apresentando um excedente de 3.200 milhões de litros, segundo o estudo de mercado elaborado pela Associação das Indústrias de Bebidas de Angola (AIBA).

Segundo esta associação, a capacidade instalada nacional é suficiente para abastecer a totalidade do mercado e o seu valor deverá continuar a aumentar nos próximos anos com a entrada de novos fabricantes e com o aumento de capacidade previsto pelos fabricantes actuais.
A produção de cerveja é a mais expressiva no conjunto das bebidas, com uma cifra anual de 1.014 milhões de litros, seguida pela dos refrigerantes, com 527 milhões de litros, dos sumos e néctares, 101 milhões de litros, das águas, 346 milhões de litros, dos vinhos, 79 milhões de litros, e das bebidas espirituosas, com 49 milhões de litros.


A indústria de bebidas criou 13.600 pos- tos de trabalho directos e 42 mil postos de trabalho indirectos, ainda segundo a AIBA. Quanto à contribuição para o equilíbrio da balança comercial, o sector ex- porta 0,6 milhões de litros.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2017, a indústria de bebidas contribuiu com 4% para o Produto Inter- no Bruto (PIB). Antes da Independência, a participação deste sector chegou a ser de 20% e nos países que têm a industrialização como suporte dos processos de di- versificação económica a percentagem situa-se nos 25%, meta ambicionada pe- los 33 associados da AIBA.

Dado o excedente (3.200 milhões de litros), a exportação é “quase” inevitável. Neste aspecto, o presidente da Associação das Indústrias de Bebida de Angola, Manuel Victoriano Sumbula, disse recentemente, durante a cerimónia de apresentação do “Estudo de Mercado para a Indústria de Bebidas em Angola”, que a exportação “recebe uma quota residual”. 

“Faz parte de uma política sectorial de exportação esta aproximação. Estamos a introduzir produtos em alguns mercados, não com o objectivo de fazer dinheiro, pois os mercados externos são altamente competitivos, mas para ser- mos, nesta altura, embaixadores de produtos Made in Angola, observando as reacções dos consumidores. Mas que- remos ser um sector com uma vertente de exportação forte e rentável, considerando a qualidade dos nossos produtos”, referiu.

Leia mais na edição de Agosto de 2018 já disponível.

Economia & Mercado - Quem lê, sabe mais!