Os 103 cidadãos detidos durante uma manifestação realizada no último sábado, 24, onde exigiam a realização das eleições autarquias em 2021 e a melhoria das condições de vida serão hoje julgados sumariamente, segundo o secretário de Estado do Interior para o Asseguramento Técnico, Salvador Rodrigues.
De acordo com o responsável, em declarações, esta manhã, à TPA, os detidos, entre os quais integrantes da UNITA, jornalistas e membros de organizações da sociedade civil, num total de 103 vão responder pelos crimes de desacato às autoridades e vandalismo.
“Os cidadãos em causa terão que explicar ao juiz as razões que os obrigaram a desobedecer as autoridades”, disse, tendo acrescentado que, "não entendemos como é que dirigentes de um partido se envolvem na manifestação que acaba em arruaça e desacato às autoridades. Não me parece que seja de urbano este comportamento. Diante do tribunal a que serão submetidos, teremos mais elementos para saber o quê que os animou”, enfatizou Salvador Rodrigues.
Por sua vez, o movimento organizador da manifestação, apoiado pela UNITA exige liberdade condicional de todos o detidos e diz que voltará às ruas caso os manifestantes sejam julgados.
A UNITA, em comunicado considera “inaceitável a postura partidária” do governador provincial de Luanda, Joana Lina que segundo acusa, orientou a repressão dos manifestantes.
O maior partido na oposição em Angola endereçou condolências à família da vítima mortal. Entretanto, as autoridades negam ter havido morte.
Entre os detidos da marcha estão o secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola, o braço juvenil da UNITA, Agostinho Kamuango, o secretário da JURA em Luanda, Domingos Palanga, o presidente do Movimento Estudantil de Angola (MEA), Francisco Teixeira, a jurista Priscila Martelo e os activistas Nito Alves, Nelson Dibango e Laura Macedo e ainda seis jornalistas.
Em reação, o presidente do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) repudiou os acontecimentos.
Segundo Teixeira Cândido, a polícia obrigou o operador de câmara da TV Zimbo a apagar as imagens e agrediu o fotógrafo da AFP, apesar de este se ter identificado como jornalista.
O responsável salientou que a direcção do sindicato vai reunir-se para analisar os acontecimentos de sábado e irá tomar posição sobre a actuação da polícia.