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Matadouro paralisado por falta de gado

Cláudio Gomes
28/2/2019
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Foto:
DR

Há cerca de um mês que o Matadouro de Camabatela, no município de Ambaca, província do Cuanza-Norte, está paralisado por falta de animais para abate segundo noticiou o Jornal de Angola.

A construção desta infra-estrutura custou aos cofres do Estado 13,4 milhões de dólares, enquadrado dentro da estratégia de redução das importações e fomento da produção interna.

 A unidade que foi inaugurada em Agosto de 2017, tem capacidade para abate de 200 bois por dia e 150 cabritos e igual número de porcos.

A informação foi avançada pela administração local, durante a visita efectuada pelo actual governador provincial do Cuanza-Norte, Adriano Mendes de Carvalho, ao respectivo município.

O Governante foi também  que a entidade gestora do empreendimento teve de rescindir o contrato com os 15 funcionários, entre técnicos, embaladores e vendedores e encerrou as portas, sem data provável de reabertura por falta de animais.

Durante a estadia de Adraiano Mendes de Carvalho  naquela unidade, foi ainda possível constatar que as 7.190 cabeças existentes garantem apenas a reprodução com vista a aumentar o número reduzido de animais e tentar assegurar o funcionamento do matadouro construído em 2014 com investimento espanhol.

De acordo com o Jornal de Angola, o ministro da Agricultura e Florestas, Marcos Alexandre Nhunga, garantiu, a quando da inauguração da unidade, que o empreendimento cobriria cerca de 50% das necessidades de carne,  nas províncias do Norte, com base  em cálculos da produção de gado nas 200 fazendas da região do Planalto Agropecuário de Camabatela.

O Planalto  cobre uma superfície 1.410 mil hectares e abarca os municípios de Ambaca e de Samba Cajú, no Cuanza Norte, Cacuso e Kalandula (Malanje) bem como os municípios de Negage, Puri, Bungo, Alto Kwale, Cangola e Damba, na província do Uíge.

Adriano Mendes de Carvalho manifestou-se preocupado com o número de fazendas ocupadas, que não produzem e prometeu tomar medidas para melhorar o actual quadro. 
Ainda de acordo com o JA, os matadouros de Camabatela, Porto Amboim, Malanje, e Kikuxi, foram construídos na estratégia do Governo destinada a reduzir a importação de carne.

A estratégia previa a importação de gado para o repovoamento animal que foi devastada pela guerra.

Repovoamento

A estratégia do projecto previa a aquisição de 8.000 cabeças de gado bovino para confinamento e 2.500 para reprodução, totalizando 10.500 animais, que seriam geridos pela Cooperativa de Criadores de Gado do Planalto de Camabatela (Cooplaca).

Segundo estimativas feitas, no exercício pleno da sua capacidade, o Planalto de Camabatela pode produzir 10.000 toneladas de carne por ano, que significaria poupar 350 milhões de dólares dos cofres do Estado em importações.

Com base nos dados da direcção-geral do Instituto dos Serviços de Veterinária, no passado, Angola tinha 50 locais de abate de animais e sete matadouros industriais, nas províncias do Huambo, Huíla e Luanda, entre estatais e privados.

Com a proliferação do comércio informal, os matadouros foram preteridos e, salvo raras excepções, o abate de animais passou a ser feito em locais impróprios.

Ainda de acordo com os mesmos dados, a quantidade de gado disponível no mercado nacional respondeem cerca de 80 por cento das necessidades nas províncias a norte do país, incluindo Luanda. 

O país, de acordo com estatísticas, tem uma população bovina estimada em cerca de quatro milhões de cabeças de gado bovino. O censo agropecuário que o país realiza este ano deve fornecer elementos mais substanciais sobre as outras espécies. A maior parte dos animais está na Região Sul.

O país importa anualmente cerca de 450 mil toneladas de carne, a contar com o funcionamento dos matadouros de Porto Amboim, Malanje, Camabatela e Kikuxi. A previsão na altura era de reduzir para metade as importações de carne.