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Medidas para contornar a catástrofe da Covid-19

Sebastião Vemba
25/5/2020
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Foto:
ISTOCKPHOTO

Para combater a propagação da Covid-19, os Estados africanos deverão aumentar os gastos públicos no sector da saúde e conexos em, pelo menos, 130 biliões de dólares, segundo a União Africana.

A instituição internacional aponta ainda que, “embora as medidas económicas se destinem a apoiar o sector formal, é essencial estar ciente do facto de que o sector informal nos países em desenvolvimento contribui com cerca de 35% do PIB e emprega mais de 75% da força de trabalho”.

A informalidade representa quase 55% do produto interno bruto (PIB) acumulado da África Subsaariana, de acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento (2014), “mesmo que estudos posteriores mostrem que ela varie de 20% a 25% nas Ilhas Maurícias, África do Sul e Namíbia, para um pico de 50% a 65% no Benim, Tanzânia e Nigéria (FMI, 2018)”.

A UA acrescenta ainda que, excluindo o sector agrícola, a informalidade representa entre 30% e 90% do emprego. “Além disso, a economia informal em África permanece entre as maiores do mundo e consiste numa espécie de amor-tecedor social nas principais cidades africanas”, estimando-se que quase 20 milhões de empregos, tanto nos sectores formais como nos informais, poderão ser afectados se a situação da Covid-19 se mantiver nos próximos meses.

“O apoio ao sector informal não apenas limitar a propagação da doença e apoiará o consumo das famílias, mas também limitará o risco de agitação social. A médio e longo prazo, os governos africanos devem apoiar a formalização do sector informal, com ênfase na protecção social dos trabalhadores do sector.

No sector formal, os funcionários das companhias a éreas e empresas envolvidas no turismo serão os mais afectados, no caso de não haver apoio dos governos”, recomenda a União Africana.


Especialmente no sector da saúde, havendo um aumento de casos de Covid-19, a UA receia que ocorra uma superlotação das unidades sanitárias, o que resultará na redução de serviços aos pacientes de outras doenças comuns em África, como a malária, a Sida e a tuberculose.

“A pandemia da Covid-19 acabará por criar uma escassez de medicamentos e equipamentos de saúde”, escrevem os analistas, acrescentando que, sendo os maiores fornecedores de medicamentos de África a União Europeia e a Ásia, e estando as empresas fabricantes de medicamentos desses países paralisadas “devido às drásticas medidas de erradicação adoptadas nos países mais afectados, como Espanha, Itália e França”, África corre o risco de enfrentar uma escassez de fármacos.

África ainda importa cerca de 90% dos produtos farmacêuticos, principalmente da China e da Índia, sendo que o continente regista a maior carga de doenças transmissíveis e não transmissíveis. Para a UA, a pandemia da Covid-19 “provou ao continente africano que não pode continuar a depender de fornecedores externos” para satisfazer “a demanda interna em produtos tão estratégicos quanto os farmacêuticos”. A mesma fonte acrescenta ainda que os países devem usar esta oportunidade para acelerar a implementação de projectos de produção de fármacos.

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