No nosso caso,e indo para um plano de curto, médio e longo prazo, não perturbando o pensamento de Confúcio, diria que se torna fundamental mudarmos o nosso chip. Mudar de atitude. Aprender com o passado. Não precisamos de o incriminar. Como já escrevi, houve coisas bem feitas e outras absolutamente erradas. Coisas de que nos devemos orgulhar, outras onde claramente não estivemos bem. Só muda, para melhor, aquele que perceber o erro, a sua natureza, e entender a necessidade de fazer diferente. Há sinais, nos últimos tempos, de que desejamos fazer diferente. No campo da retórica há indicadores nesse sentido. Mas também houve, e sempre haverá, forças contrárias. E, no meio, alguma manifestação de desorientação.
Falamos em diversificar a economia. O uso excessivo desta expressão, sem exemplos (bons) concretos, irá conduzir à sua depreciação e vulgarização. Virará matéria de gozo. Falamos em restituir à agricultura a importância que já teve. E o que temos feito? Importamos cereais, farinha e milho em quantidades tão grandes que os produtores locais têm aquartelados nos seus silos toneladas e toneladas de milho sem saber o que lhes fazer. O mesmo se passa com a fuba. Fica a pergunta: Quem ganha com isso? Quanto? De certo não os agricultores que estão a produzir localmente. É o trading a ganhar. Fortunas colossais postas no exterior à custa do definhar interno. Oferece-se a agricultores duvidosos financiamentos astronómicos para mega projectos sem que se vejam resultados. Não se fiscaliza a sua aplicação. O dinheiro, esse parco recurso de todos nós, esfuma-se sem que, em definitivo, se ponha cobro a essa situação. Como também não se põe cobro à cedência de autênticos territórios para fazendeiros que não o são. Apenas têm uma casa de fim-de-semana plantada no meio de milhares de hectares subaproveitados. Caprichos do nosso novo riquismo. E àqueles que produzem não se conferem facilidades que caberia ao Estado oferecer. Electricidade, água, vias de comunicação e centrais de recolha de produtos.
Oferece-se a agricultores duvidosos financiamentos astronómicos para mega projectos sem que se vejam resultados.
É impossível competir com o preço dos produtos importados quando se gasta mais de 70 mil litros de gásoleo por semana para manter uma herdade de grandes dimensões em funcionamento. Quando as vias de comunicação fazem, por si só, subir os custos com o combustível e com o transporte das mercadorias. E nada irá mudar enquanto não percebermos o que acontecia há 50 anos. O fomento da pequena e média agricultura em espaços não superiores a cinco hectares. No nosso continente há bons exemplos. Olhemos o que se passa na Costa do Marfim. Um sucesso na produção do cacau. Temos de repensar a utilização das mini-hídricas e dos carneiros hidráulicos para a rega e consumo. E valorizar a tracção animal. Onde há fome as pequenas soluções, mais baratas, podem ajudar a resolver. Temos de deixar de pensar grande. Abandonar a mania das grandezas. Olhar para a micro-economia e deixar de a sufocar com impostos loucos trazidos de realidades que não são as nossas e que nos impedem de crescer. A pressão no pagamento das linhas de crédito que nos são “oferecidas” e para as quais corremos loucamente, está a produzir aumentos brutais nos impostos por parte dos governos africanos. E isto trava a economia. Fará com que nunca cresça de forma sustentada. E esta situação conduz ao aumento da fraude e do peculato. É uma responsabilidade dos nossos decisores. É preciso perceber a teoria da curva de Laffer para entendermos o que se está passar com a política de impostos no nosso país. A arrecadação está a diminuir em função da asfixia e fecho das empresas. É preciso auditarmos a dívida pública e percebermos em que nível realmente se situa para podermos, eventualmente, melhorar a aplicação dos nossos recursos.
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