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PATROCINADO

O caminho do meio

Sebastião Vemba
1/11/2019
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Foto:
Carlos Aguiar

Em menos de dois anos, o crédito concedido a empresários, no âmbito do Angola Investe – programa que visava apoiar as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME) –, atingiu os 600 milhões de dólares.


Na altura, o valor cedido serviu para financiar 204 dos 500 projectos, número que se pretendia atingir até ao término do programa que, entretanto, acabou por ser substituído pelo actual Programa de Apoio ao Crédito (PAC), sem nenhum tipo de avaliação rigorosa dos resultados. Passados quase seis anos, sabe-se hoje que pelo menos 100 empresas estão em incumprimento, sendo que o nível de malparado é de 40%.

Segundo apurou a Economia & Mercado, o Estado angolano injectou 55 mil milhões de kwanzas para “aliviar” os juros a serem pagos pelos empresários e, na esperança de reaver o financiamento e não perder o rasto dos devedores, os bancos envolvidos neste processo e o Ministério da Economia e Planeamento (MEP), que supervisionou o programa durante os sete anos de vigência, criaram o “Projectos em Esforço”, cuja ideia se centra no acompanhamento e auxílio, por via de consultores nacionais especializados, dos projectos financiados.

Enquanto isso, os esforços para operacionalizar o PAC continuam. Porém, mantêm-se também as nuvens de dúvidas sobre a lisura desse programa e o seu distanciamento do paradigma anterior, manchado pelo nepotismo e aprovação de projectos de viabilidade duvidosa, atrelados ao slogan da diversificação da economia que só serviu para diversificar a fortuna de alguns.

Conforme verá nesta edição, cinco meses após o aviso do Banco Nacional de Angola (BNA), lançado aos bancos comerciais orientando-os para conceder créditos aos produtores nacionais de determinados bens considerados essenciais para “promover a diversificação da economia real”, o stock de crédito concedido à economia mantém-se praticamente inalterado. Dados do banco central, referentes a 2018, apontam que os sectores como o Comércio por Grosso e a Retalho, que representou um peso de 22,14% do total do crédito concedido, a Actividade Imobiliária e Alugueres e Serviços Prestados às Empresas (15,09%), Particulares (14,50%), Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais (12,43%) e o sector da Construção (12,28%) continuam na linha da frente de beneficiados com a medida em detrimento dos sectores produtivos.

Leia mais na edição de Outubro de2019

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