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“O governo falhou na definição de políticas”

José Zangui
26/2/2020
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Foto:
Carlos Aguiar

Guilherme Silva nasceu há 58 anos, na Conda, província do Kwanza Sul. Professor desde 1979, é licenciado em Ciências da Educação (Psicologia), pela Universidade Agostinho Neto.

Actualmente, desempenha as funções de presidente do Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF), cargo que ocupa desde 2011, estando já a cumprir o seu terceiro mandato. Foi coordenador do conselho fiscal da Comunidade das Organizações Sindicais de Professores e Trabalhadores da Educação da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), entre 2013 e 2016.

O sindicalista considera que a Educação em Angola enferma de um conjunto de males que só agora se está atentar combater, apontando, como exemplo, a questão da corrupção. Para o responsável,faltou também alguma vontade política por parte de quem dirige para que o sistema de ensino atingisse outros níveis de qualidade.

Como caracteriza a Educação em Angola, olhando para os períodos pós-independência e de 2002 a esta parte?


A sensação que tenho é que, embora nos dois períodos que antecederam o actual não tivéssemos os recursos humanos que temos hoje, aliado ao facto de as dificuldades terem sido maiores, ainda assim havia um maior compromisso do Estado com a Educação, o que se repercutiu deforma directa na qualidade de ensino. Hoje temos quadros teoricamente mais bem preparados que na época passada, os salários são também, de alguma forma, mais atractivos, porém temos menos qualidade se olharmos para o produto que sai das escolas. Parece que o Estado se apartou do seu compromisso com a Educação e,por via disso, a maior parte das pessoas olha para a Educação como o sector mais fácil para ter acesso ao funcionalismo público. Desapareceu o compromisso e o sentido demissão que imperaram noutros tempos.

Então concorda com alguma corrente que defende que o ensino em Angola vai de mal a pior?


Não podemos afirmar categoricamente que a Educação vai de mal a pior, porque há esforços que vêm sendo feitos por parte do próprio Executivo para melhorar o quadro actual, embora não na dimensão que se pretende. Há desafios muito grandes que precisam de ser superados com a maior urgência e com o envolvimento de todos para corrigir a situação actual.

Onde é que o país terá falhado para que se chegasse à situação que se vive hoje, no que diz respeito à qualidade de ensino?

Na minha opinião, o Governo falhou na definição de políticas sérias para o sector. De modo geral, a Educação emAngola enferma de um conjunto de males que se está a tentar combater hoje,como, por exemplo, a corrupção. Por outro lado, faltou vontade política de quem dirige, uma vez que os filhos dos dirigentes eram mandados para as melhores escolas no estrangeiro e os que ainda estudam aqui eram, ou são, colocados nos colégios mais caros e com melhor oferta formativa.

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