O Banco Nacional de Angola (BNA) alerta que a oferta de bens e serviços tenderá a ser limitada nos próximos meses, em Angola, podendo vir a acentuar a tendência de recessão do Produto Interno Bruto (PIB), que nos primeiros três meses deste ano contraiu 1,8%, após ter registado uma variação negativa de 0,6% no quarto trimestre de 2019 e uma estagnação no período homólogo de 2019.

A suportar o recuo da economia nacional, estiveram o mau desempenho de alguns sectores, tais como o do Comércio (-11,6%), Pesca (-7,9%) e a Extracção de diamantes, minerais metálicos e de outros minerais não metálicos (-5,2%).  

“A nível nacional, os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que a actividade económica também foi negativamente afectada pela pandemia (da Covid-19), com o Indicador de Clima Económico (ICE) referente aos três primeiros meses deste ano a sinalizar uma conjuntura económica mais desfavorável a curto prazo”, refere o banco central no seu relatório de análise da conjuntura económica e financeira, referente ao segundo trimestre de 2020.

De acordo com o documento, publicado no site oficial do BNA, no sector externo destaca-se a deterioração do saldo da Conta de Bens, comparativamente ao primeiro trimestre de 2020, diante da contínua redução do valor das exportações de bens que suplantou a queda do valor das importações de bens.

Esta deterioração levou à diminuição dos activos externos com destaque para o stock das Reservas Internacionais Brutas (RIB) que reduziu em 5,13% no trimestre, atingindo 15,58 mil milhões de dólares, equivalente a 11,76 meses de importações de bens e serviços.

Como consequência deste cenário, a oferta de moeda estrangeira no mercado cambial acabou por ser mais restrita, tendo o BNA disponibilizado nos leilões de divisas aos bancos comerciais um montante de 893,74 milhões de dólares no trimestre em análise, valor inferior aos 1,79 mil milhões de dólares transaccionados no primeiro trimestre de 2020.

Neste período, também a taxa de inflação, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN), subiu em 0,11 pontos percentuais, tendo passado de 5,73% no primeiro trimestre para 5,84% no segundo trimestre de 2020, explicada, sobretudo, pela contribuição da classe de “Alimentação e Bebidas não Alcoólicas” que prevalece como impulsionadora deste comportamento, embora tenham sido, igualmente, observados aumentos em outras cinco classes das doze que compõem a sua estrutura.