O maiorpartido da oposição em Angola, a UNITA, considerou que o discurso do Presidenteda República, João Lourenço, sobre o estado da Nação proferido ontem (15 deOutubro), na Assembleia Nacional, foi uma “mão cheia de nada”.
O andamento do processo de combate à corrupção e o não agendamento das eleições autárquicas estiveram na base do protesto do partido do ‘Galo Negro’ que apresentaram um cartão vermelho ao Presidente da República.
A UNITA justificou a sua postura por ter considerado de “vazio” o discurso proferido pelo Chefe de Estado e por não ter trago perspectivas de desenvolvimento para o país. “Não traz perspectivas do ponto de vista de que as pessoas podem esperar algo de melhor para o amanhã. Portanto, é um cartão vermelho contra a má governação”, considera o grupo parlamentar do maior partido da oposição.
A CASA-CE também se mostrou defraudada com o discurso do Chefe de Estado. O deputado Manuel Fernandes referiu que João Lourenço utilizou a pandemia para justificar o adiamento das autárquicas que se devia realizar este ano.
O Líder da bancada parlamentar doPRS, Benedito Daniel, disse que estava à espera que o Presidente anunciasse uma data para as eleições autárquicas, admitindo que um novo calendário iria ajudar os partidos a prepararem-se para o escrutínio.
O presidente do FNLA acredita que o país tem condições para realizar autárquicas. Lucas Ngonda lamentou, por isso, que João Lourenço não tenha avançado com um calendário preciso para a realização do sufrágio.
Já o MPLA, partido no poder, fez uma análise positiva do discurso à Nação, tendo mesmo felicitado o Presidente pela intervenção “substantiva” e “serena”.
No discurso à Nação o Chefe deEstado disse, esta quinta-feira, 15, que as eleições autárquicas previstas para2020, “não foram adiadas porque nunca foram convocadas”. João Lourenço acrescentou que seria “irrealista e irresponsável” realizar uma eleição este ano, num contexto de pandemia de Covid-19.
Em relação à recuperação de activos, o chefe de Estado anunciou que já foram recuperados mais de quatro mil milhões de dólares."Fábricas, terminais portuários, edifícios de escritórios, edifícios de habitação, estação de rádios e televisão, gráficas, estabelecimentos comerciais e outros", enumerou.
Para João Lourenço, a pandemia da Covid-19 que assola o mundo adiou o crescimento económico do país previsto para este ano."Todas as previsões anteriores à crise apontavam que em 2020, Angola iria crescer em torno de 1,8%, e, em consequência da crise pandémica espera-se,agora, que o país venha a evidenciar uma taxa negativa de crescimento na ordem dos 3,6%", admitiu.
No discurso sobre o estado da Nação", oPresidente da República anunciou que em seis meses foram criados 19 mil postos de trabalho. João Lourenço falou ainda sobre a reforma da Justiça, assim como de direitos humanos, finanças públicas, privatizações, emprego, agricultura e produção de energia.