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Os negócios que “murcharam” e os que floresceram devido à Covid-19

Cláudio Gomes
30/7/2020
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Foto:
ISTOCKPHOTO

As famílias angolanas vêem os seus rendimentos decaírem drasticamente, devido à paragem das actividades comerciais imposta pelo Estado de Emergência que durou dois meses.

O sector informal é dos mais afectados, embora alguns negócios tenham florescido a meio da crise.

Entre ficar em casa para proteger-se da Covid-19 e sair à rua para matar a fome, arriscando-se não só ao contágio por uma doença invisível, mas também a represália policial – nem sempre é pacífica e dentro dos limites da lei –, as famílias angolanas optam por sair à rua. Os mercados informais, a zunga e as pequenas actividades, como carpintaria, sapataria e alvenaria, continuam a garantir o sustento de muitas famílias, embora os rendimentos tenham baixado, devido à diminuição da procura desses serviços.

Alberto Rosa, pedreiro, é responsável pelo sustento de uma família composta por nove pessoas, entre elas sete filhos, que estão matriculados em escolas públicas, o que é um alívio, uma vez que, apesar da ausência de aulas, não é obrigado a pagar metade das propinas, como os encarregados de educação que têm os filhos em instituições de ensino privadas.

Antes da Covid-19 e da vigência do Estado de Emergência no país, Alberto Rosa sustentava a família com o que ganhava da execução de pequenas obras de construção civil. Mas, desde o final de Março até à reabertura de actividades comerciais não essenciais, em finais de Abril, afirma ter vivido um martírio para prover o mínimo de sustento à família. Alberto Rosa recorreu aos apoios de alguns parentes e de uma instituição religiosa, que proveram recursos que o ajudaram a mitigar a carência por que passavam. “Ajudaram-nos com alguns bens de primeira necessidade. Estes apoios foram muito importantes, porque ficar 60 dias confinado, sem sair de casa e sem poder realizar nenhuma actividade lucrativa, não foi fácil para nenhum chefe de família”, desabafou o também técnico de obras, residente no bairro da Corimba, distrito urbano da Samba.

As dificuldades, de acordo com Alberto Rosa, já eram sentidas antes da pandemia do novo Coronavírus, mas aumentaram substancialmente com as limitações impostas pelo Decreto Presidencial sobre o Estado de Emergência.

A actividade de moto-táxis foi uma das mais afectadas pelo Estado de Emergência, sendo que permaneceu proibida durante dois meses. Mas a fome falava mais alto do que a represália policial e risco de contágio pela Covid-19. No distrito urbano do Nova Vida, a circulação dos famosos “kupapatas” foi interrompida apenas na primeira quinzena do Estado de Emergência. Nos períodos a seguir, os moto-taxistas saíram, assolados pela fome, e aceitavam apenas transportar passageiros cujo destino não era vigiado pelas autoridades policiais.

Apesar de o Decreto nº 181/20, que regulariza o exercício da actividade de transporte de passageiros, permitir o regresso normal da actividade de moto-táxi, João Artur Manuel (nome fictício de um moto-taxista) não poderá trabalhar livremente, considerando que o documento permite apenas o exercício da actividade em 17 províncias do país, com excepção de Luanda, depois de cerca de dez semanas de paragem.

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