3
1
PATROCINADO

Pandemia coloca mais de 100 milhões de crianças em situação de pobreza multidimensional

Cláudio Gomes
8/12/2021
1
2
Foto:
DR

O número reflecte um aumento de 10% comparando com o ano de 2019, informou o representante do UNICEF em Angola, Ivan Yerovi, quando discursava na abertura da celebração dos 75 anos de existência.

No evento que teve lugar ontem, terça-feira, 7 de Dezembro, numa unidade hoteleira de Luanda, o responsável do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) disse que o número significa um aumento significativo do número de crianças que não sobrevivem nos primeiros anos de vida, e se sobrevivem têm inúmeras probabilidades de desenvolver o seu cognitivo devido a escassez de nutrientes, ou o acesso a programas de desenvolvimento da primeira infância.

Segundo Ivan Yerovi, a pandemia veio "revelar as debilidades de muitos sistemas e ao mesmo tempo ajudar a redescobrir as valias de outros" no sentido de se dar resposta a todos os desafios impostos pela Covid-19.

"A pandemia da Covid-19 tem sido a maior ameaça para o progresso das crianças nestes 75 anos de historia. Enquanto o número de crianças com fome, fora da escola, abusadas, vivendo na pobreza ou forçadas ao casamento aumenta, o número de crianças com acesso a cuidados de saúde, vacinas, alimentação suficiente e serviços essenciais diminui", alertou.

Neste ano em que devíamos olhar para frente, frisou, começamos a recuar, lamentou o representante do UNICEF em Angola.

De acordo com o responsável, os desafios actuais a que estão acometidas as crianças em Angola e no mundo aludem para duas reflexões, particulares, sendo a primeira, "resultante dos ganhos alcançados até agora". Uma segunda reflexão, por sua vez, disse Ivan Yerovi, é decorrente dos "problemas ainda existentes".

A primeira leva-nos a pensar que é possível fazer mais e melhor apesar das inúmeras dificuldades, considerou, salientando que a manutenção dos ganhos alcançados com a convenção dos direitos da criança e a resposta aos desafios ainda existentes nesta área "passam necessariamente pela implementação de soluções inovadoras, investimento de recursos e vontade política para as crianças e colocar o seu bem-estar no centro da agenda política, económica e social dos Estados". E a segundo, por sua vez, "leva a concluir que é necessário envidar todos os esforços para evitar a ocorrência das crises e conflitos e naqueles lugares em que estes ocorram é primordial salvaguardar principalmente os mais vulneráveis em particular as crianças e as suas famílias".

Lê-se numa nota do UNICEF em posse da Economia & Mercado, que os efeitos negativos da pandémica afectaram todos os sectores da sociedade e aumentou "o fosso entre ricos e pobres", o que requer o comprometimento de todos para reduzir o seu impacto no "meio das famílias mais pobres".

Participaram do evento, além do Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa Baltazar como convidado de honra, além de representantes de departamentos ministeriais, corpo diplomático acreditado em Angola, parceiros do sector privado e da sociedade Civil, bem como das diferentes agências da ONU.

O UNICEF informa no documento que os 75 anos da agência "criada em 1946 para dar resposta as necessidades de crianças e famílias cujas vidas foram destruídas pela Segunda Guerra Mundial", assinala-se já neste sábado, 11 de Dezembro.

Há mais de sete décadas que o UNICEF desempenha um papel importantíssimo na redução das mortes de crianças e ajuda outros milhões a desenvolverem todo o seu potencial - um trabalho que continuamos a levar a cabo em todo o mundo.

Conforme pode-se ler na nota do UNICEF, o trabalho estende-se a crianças cujas vidas são profundamente afectadas por conflitos e crises; crianças que vivem na pobreza extrema; crianças afectadas pelos crescentes efeitos das alterações climáticas; crianças discriminadas e excluídas - onde quer que estejam independentemente da sua origem.