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Presidente da República pede desculpas por execuções sumárias do 27 de Maio

Isabel Bernardo
28/5/2021
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Foto:
DR

O Presidente da República pediu desculpas em nome do Estado angolano pelas execuções sumárias levadas a cabo após o alegado golpe de 27 de Maio de 1977.

João Lourenço, salientou que se trata de “um sincero arrependimento”, quando dirigia-se ao país num discurso transmitido pela Televisão Pública de Angola, nesta quarta-feira, véspera da data do alegado golpe de 27 de Maio de 1977, que foi pela primeira vez assinalado com uma homenagem em memória das vítimas.

“Não é hora de nos apontarmos o dedo procurando os culpados. Importa que cada um assuma as suas responsabilidades na parte que lhe cabe. É assim que, imbuídos deste espírito, viemos junto das vítimas dos conflitos e dos angolanos em geral pedir humildemente, em nome do Estado angolano, as nossas desculpas públicas pelo grande mal que foram as execuções sumárias naquela altura e naquelas circunstâncias”, disse o chefe do executivo angolano.

Para o chefe do Estado angolano, “O pedido público de desculpas e de perdão não se resume a simples palavras e reflecte um sincero arrependimento e vontade de pôr fim à angústia que estas famílias carregam por falta de informação quanto aos seus entes queridos”.

O pedido de desculpas era uma reclamação dos sobreviventes e das organizações que representam as vítimas e os seus descendentes, agrupadas na Plataforma 27 de Maio.

Ainda em saudação a data, segundo a Angop, o governo começa nesta quinta-feira, a entregar as certidões de óbito aos familiares das vítimas do 27 de Maio de 1977, informou, em Luanda, o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos.

Francisco Queiroz disse haver muitos pedidos para a emissão de certidões de óbito, sublinhando que a entrega dos documentos simboliza a “expressão concreta da reconciliação e do perdão, em memória de todas as vítimas deste acontecimento”.

Adiantou também, que o Estado promove uma celebração no dia 27 de Maio, para transmitir um sinal claro de que “o 27 de Maio não é um acontecimento para esquecer, mas para lembrar, para que nunca mais aconteça”.

Serão realizadas duas cerimónias, especificamente no cemitério de Santa Ana e no largo da Independência, onde serão depositadas coroas de flores.

Segundo o programa da homenagem, apresentado em reunião da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos, estão previstas intervenções de representantes do Governo e da Fundação 27 de Maio.

Prevê-se ainda a realização de uma missa, em homenagem às vítimas do 27 de Maio.