Um vídeo feito ontem, em Benguela, pelo deputado Nelito Ekuikui, mostra a chegada em Angola de enormes quantidades de sal importado.
Contactado pela E&M, o deputado diz que “se sentiu ofendido e solidário com os produtores de sal em Benguela que, com fundos próprios, produzem sal em quantidade e qualidade suficiente para abastecer o mercado, mas o país continua a preferir gastar rios de dinheiro para importar o produto”.
Dados oficiais do Ministério da Agricultura e Pescas revelam que, em 2020, o país consumiu 129.845 toneladas, das quais 103.876 toneladas foram produzidas internamente e 25.969 foram importadas. Para isso, o país gastou 6 milhões de dólares. Em 2021, o país produziu 182,6 mil toneladas, superior as 130 mil toneladas de 2020.
O Ministério da Agricultura e Pescas estabeleceu uma margem de 20% para a importação, justificando, segundo o presidente da Associação dos Produtores e Transportadores de Sal de Angola(Aprosal), Totta Garrido, de uma margem de dúvida que o Governo tem dados apresentados pelos produtores. Para acautelar uma eventual escassez do produto no mercado, o Governo abriu uma janela para a importação, sobretudo, no segmento do sal refinado.
Mas, a Aprosal não sabe o volume exacto de importação de sal referente ao ano passado. “Não há números oficiais e isso não nos permite afirmar quanto é que se importou de sal em Angola”, referindo que a classe está preocupada com a importação de sal.
Totta Garrido defende que, para se aferir a auto-suficiência na produção de sal para outros sectores, é preciso que haja um censo. “É preciso uma informação actualizada desses sectores”, tendo acrescentado haver, claramente, um lobby para não se travar a importação.