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Quarta revolução industrial debatida em Luanda

Cláudio Gomes
22/4/2022
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Cedida pela fonte

Estima-se que a também chamada Revolução 4.0 venha acabar com cerca de cinco milhões de emprego nos 15 países mais industrializados do mundo. 

Pensando nas “ameaças e oportunidades para Angola e África” que a 4ª Revolução Industrial apresenta aos diferentes contextos social e económico, realizou-se, recentemente, em Luanda, a 5ª edição do SIGNO 2018 - Seminário Internacional de Gestão de Negócios e Oportunidades.

O evento, que decorreu durante os dias 10 e 11 do corrente mês (sexta e sábado), visou reflectir sobre as oportunidades e as ameaças que os avanços tecnológicos proporcionam nos referidos contextos.

Deste modo, o PCA do Centro de Treinamento Enriqueça, José Sumbula, disse que a pertinência do seminário consistiu na reflexão das mutações sociais que se assiste na em Angola.

“A nossa pretensão é despertar o Governo, os empresários e os demais profissionais, sobre os vários acontecimento que vêm surgindo no nosso país, como é o caso do elevado número de desemprego decorrente dos efeitos da 4ª revolução industrial. Este é um assunto debatido em várias cimeiras a nível internacional”, disse.

Por outro lado, o director Geral da COSEBA, Jorge Cardoso, apelou aos decisores políticos africanos, em particular os angolanos, a mais investimentos nas pesquisas tecnológicas e na qualificação dos cidadãos.

“Existe falta de investimento em pesquisa e desenvolvimento em África. O continente investe menos de um por cento e a África do Sul é o país que mais investe neste sector com 0.8%”, frisou, garantindo que tais “investimentos podem”, no futuro, “ajudar a colmatar os problemas sociais na saúde e educação” nos países pobres.

Continuando, Cardoso disse que Angola investe pouco no sector da pesquisa e desenvolvimento, considerando, por isso, baixo os investimentos feitos até agora.

“Segundo pesquisas recentes, Angola está com 0.07% de investimento em pesquisa e desenvolvimento, o que é muito pouco. Existe uma lacuna a nível dos recursos humanos qualificados, por isso o investimento tem de ser dual, privilegiando os recursos, fomentando a pesquisa”, alertou chamando atenção a consistência dos projectos.

Desemprego em escala

Estima-se que a também chamada revolução 4.0 venha acabar com cerca de cinco milhões de emprego nos 15 países mais industrializados do mundo. A isto levanta-se a seguinte questão: Como a África enfrentará a “onda” de desemprego que se avizinha?

Por conseguinte, o professor e pesquisador Lúcio Fonseca disse que a 4ª revolução industrial apresenta, para África, em particular, grandes desafios, sendo o desemprego e a exclusão social de profissionais com baixa qualificação os mais evidentes.

“Precisamos aproveitar as oportunidades e neutralizar as ameaças deste movimento que ocorre em todo mundo, tomando providências imediatas porque as profissões manuais, repetitivas e padronizadas serão extintas e substituídas por máquinas”, alertou, sublinhando que “as máquinas são mais produtivas que a força humana”.

Dando sequência, o também CEO da FF Digital, afirmou que os empregos do futuro “apresentarão maior grau de exigência em termos de capacidade e de competência”.

A expansão da automatização através de sistemas ciberfísicos, que combinam máquinas com processos digitais, que os tornam capazes de tomar decisões descentralizadas e de cooperar com humanos, lança um desafio sem precedentes aos profissionais desqualificados.

As empresas

Outro desafio imposto pela 4.0, é a produtividade em consequência dos processos de produção das empresas angolanas, que, segundo o especialista em gestão de tecnologias de informação Oliver Meyer, de nacionalidade alemã, precisam olhar para a digitalização como o futuro.

“Na verdade ela já está acontecer em Angola, por isso, é importante que as empresas percebam os desafios e, por esta via, aproveitar os avanços tecnológicos para não serem deixadas para trás”, alertou, garantindo que “os primeiros que aderirem a digitalização ganharão o mercado de negócios”.

Citado pelo jornal britânico de Guardian, e posteriormente pela BBC Brasil na versão digital, o CEO do Greenpeace Australia/Pacifico David Ritter disse que "o futuro do emprego será feito por vagas que não existem, em indústrias que usam tecnologias novas, em condições planetárias que nenhum ser humano já experimentou", garantiu, chamndo atenção aos elevados índice de desemprego que a 4.0 estimulará.

Para diminuir o impacto desta realidade desigual, que opõe máquinas inteligentes e seres humanos desqualificados, Lúcio Fonseca defende maior investimento na qualificação do homem.

“Os governantes, assim como os empresários, devem investir mais na qualificação no capital humano do país, através da aquisição de novas competências”, sugeriu, salientando que “este investimento não será suficiente para evitar o desemprego”, mas espera-se que faça alguma diferença.

De acordo com estudos feitos em 2015 pela consultora Accenture sobre o impacto económico da 4ª revolução industrial, espera-se agregar cerca de 14,2 bilhões de dólares à economia mundial nos próximos 15 anos.

Citado pela BBC News Brasil, num artigo com o título “o que é a 4ª revolução industrial - e como ela deve afectar nossas vidas”, Klaus Schwab afirmou que haverá uma “mudança de paradigma” que transcenderá aos vários sectores da vida social, política e económico em todo o mundo.

"Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos”, assegurou o também autor do livro A Quarta Revolução Industrial, publicado em 2016.

Klaus Schwab garante que a revolução que se assiste será diferente das demais tendo em conta o alcance, a complexidade e a transformação que acarreta.

“Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes", disse.