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Taxa de desemprego poderá atingir 11,5% em 2027 se a economia crescer a uma média anual de 8%

Joaquina Dungue
1/3/2023
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Foto:
DR

Para que Angola possa ter uma taxa de desemprego de 11,5% em 2027, calculada segundo as metodologias do INE, é necessário que entre 2023 e 2027 a economia cresça a uma média anual de 8%.

As informações foram avançadas pelo director do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN), Alves da Rocha, durante a apresentação e lançamento do estudo “Cenários de crescimento da economia angolana até 2030 e impactos sobre o emprego”, nesta terça-feira (28), em Luanda.

De acordo com o director do CEIC, é possível que a economia angolana atinja estes níveis de crescimento. A título de exemplo apontou os estudos anteriores divulgados pela instituição onde se verificou que a taxa média de crescimento do PIB em Angola entre 2002 e 2013 foi de 8,2%.

“Se aconteceu é possível que venha novamente a acontecer”, sustentou acrescentando que é necessário estudar como a taxa de crescimento apresentou tal crescimento bem como os factores que influenciaram.

No estudo, aponta, foram construídos quatro cenários do comportamento da taxa de desemprego até 2027. No melhor cenário é ter uma taxa de desemprego de 11,5% em 2027, no pior cenário baseado nas taxas de crescimento do FMI é ter uma taxa de desemprego a tocar os 28% ou 27%.

Sobre as recomendações, o estudo chama a atenção para a necessidade da descentralização, que considerou fundamental enquanto oportunidade de se encontrarem outros canais de crescimento e desenvolvimento da economia e como oportunidade de se diminuírem as assimetrias rurais.

“As assimetrias são absolutamente notáveis, toda a gente sabe que as desigualdades em Angola são absolutamente notáveis”, disse.

Na ocasião, Alves da Rocha deixou uma nota crítica relativamente a elaboração de estudos fora da academia angolana. “Nós continuamos com a apetência natural em contratar expatriados para fazer estudos que a academia angolana é capaz de fazer”, lamentou.

“Nós temos universidades que estão até nos ranking internacionais, será que ainda não temos o reconhecimento destas instituições para que possamos ser colaboradores do governo e elaborar estes documentos estratégicos fundamentais?”, questionou o investigador do CEIC.

Sobre a informalidade, o também investigador do CEIC, Teurio Marcelo, afirmou que esta serve de amortecedor da taxa de desemprego.

O mercado informal, disse, é de tal forma amortecedor que não só capta mão de obra não qualificada como também acaba por captar mão de obra qualificada. É preciso que a economia ou as transformações estruturais sejam uma combinação que incorporem também mudanças de mentalidade.

“Se por um lado temos uma taxa de desemprego de 29,6% para o quarto trimestre de 2022, nós temos uma taxa de 79,7% de informalidade, ou seja, os ganhos que possivelmente teremos não terão reflexos na qualidade do emprego gerado pela economia e o que vamos presenciar é que ainda que tenhamos crescimento económico, a vida das populações não muda”, sustentou.

Em título de conclusão, Teurio Marcelo, apelou para a necessidade de se fazer reformas na política económica, em particular a política do emprego.