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Turquia: mudam os políticos, fica a economia, diz a DBRS Morningstar

Redacção
12/5/2023
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Foto:
DR

Para a consultora internacional, qualquer que seja o vencedor das eleições do próximo domingo, o maior desafio será o reequilíbrio macroeconómico.

A DBRS espera que uma vitória da oposição faça recentrar as opções económicos dentro da ortodoxia mais previsível.

As perspectivas para as eleições presidenciais e parlamentares da Turquia, marcadas para o próximo domingo, 14 de maio de 2023, “são altamente incertas: pela primeira vez desde que Recep Erdogan foi eleito primeiro-ministro há duas décadas, a oposição, tipicamente fragmentada, uniu-se contra o partido governante, o AKP”, refere a consultora DBRS Morningstar.

“O fraco cenário macroeconómico – refletido na alta inflação e na desvalorização da lira turca – também enfraqueceu a popularidade de Erdogan. As sondagens preveem alta participação eleitoral e uma disputa acirrada entre Erdogan e Kemal Kilicdaroglu, o candidato presidencial do Bloco da Aliança Nacional, de seis partidos”, recorda a consultora. Entretanto, outro candidato da oposição desistiu a favor dessa união da oposição.

As sondagens sugerem que os dois principais candidatos provavelmente não atingirão o limite de 50% mais um voto, pelo que uma segunda volta em 28 de maio é muito provável. Para a DBRSMorningstar, “uma vitória clara para Kilicdaroglu provavelmente será percebida como um sinal de regresso à ortodoxia económica”, o que pode resultar, “pelomenos inicialmente, numa recuperação do valor dos ativos turcos.

No entanto, outros cenários podem dificultar a governabilidade. Uma vitória apertada para qualquer um dos candidatos poderia potencialmente resultar na contestação dos resultados”.

Por outro lado, diz ainda a consultora, “se o controlo da Presidência e do Parlamento for dividido entre o AKP e o Bloco da Aliança Nacional, isso pode resultar em impasses políticos e representar desafios adicionais para o sucesso de qualquer ajuste macroeconómico”. Necessário, recorda a  DBRS Morningstar, porque, “independentemente dos resultados, dada a alta inflação e os déficits em conta corrente, a Turquia precisará de um ajuste macroeconómico substancial nos próximos meses”.

“Políticas mais rígidas necessárias para facilitar o reequilíbrio macroeconómico, juntamente com um cenário global desafiador, podem resultar num crescimento acentuadamente menor”, diz Rohini Malkani, vice-presidente da área de ratings soberanos globais da consultora, citado em comunicado. “Qualquer que seja o resultado político das próximas eleições, os desafios macroeconómicos permanecerão severos”.

A  DBRS Morningstar releva que, se a oposição ganhar, “o papel dominante do presidente pode chegar ao fim. O manifesto da aliança de oposição prometeu reverter muitas das políticas de Erdogan, incluindo um regresso a um sistema parlamentar e o fortalecimento do Estado de Direito. Em termos de política económica, a oposição apela a um mix de políticas macroeconómicas mais ortodoxas, apoiadas por medidas como maior autonomia do banco central”. Do lado de Erdogan, “o manifesto do partido governante afirma que visa reduzir a inflação para um dígito e estimular o crescimento anual do PIB para 5,5% nos próximos anos (2024-2028).

Independentemente dos resultados, o país precisa de um ajuste macroeconómico substancial: políticas monetárias e fiscais mais rígidas dada a inflação elevada”, desde logo.

A Turquia é um grande país, economicamente diversificado, com um PIB per capita “médio alto, um PIB nominal de 828 mil milhões de dólares e demografia favorável.

No entanto, o seu modelo decrescimento depende do financiamento externo”. Após a pandemia, o governo adoptou um novo plano económico que envolveu uma combinação de taxas de juros baixas e um mercado competitivo por via das taxas de câmbio. Isso impulsionou o crescimento económico para 11,3% em 2021 e para 5,6% em 2022, mas “essas políticas exacerbaram as vulnerabilidades pré-pandémicas”, nomeadamente ai inflação, que permanece muitíssimo elevada (43,7% em Abril passado”, enquanto o défice em conta corrente também piorou de 0,9% do PIB em 2021 para 5,4% em2022.

Para a consultora, “as políticas mais rígidas necessárias para facilitar o reequilíbrio macroeconómico, aliado a um cenário global desafiador, pode resultar em crescimento acentuadamente menor”.

Recorde-se que o FMI, no seu último World Economic Outlook (Abrilde 2023), projeta crescimentos moderados para a Turquia, de 5,6% em 2022 para2,7% em 2023 e 3,6% em 2024. Ou seja, “qualquer que seja o resultado políticodas próximas eleições, a economia da Turquia continuará a defrontar-se comdesafios graves”