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A es(ins)tabilidade do sector financeiro angolano

Wilson Chimoco
26/12/2022
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Foto:
DR

O sector financeiro angolano está a viver um momento complexo, com a cassação da licença de operadores, apesar do registo record de transacções no mercado secundário de dívida pública.

O início das negociações em bolsas das primeiras acções, do Banco Angolano de Investimento (BAI) e do Banco Caixa Geral de Angola, e a manifestação de interesse do maior banco nigeriano de entrar no sector bancário nacional são factores positivos e que certamente deverão impulsionar o nível de maturidade, profundidade e atractividade do sistema para os investidores e operadores no mercado.

Mas, por outro lado, como factores pouco positivos para a estabilidade, confiança e robustez que se quer do sistema, tem-se assistido à instauração de multas e exclusão da participação de leilões de divisas de alguns bancos, a cassação da licença do Banco Prestígio e a recomendação do incremento do capital do Banco de Comércio Indústria. Acresça-se a não-publicação das contas do Banco Económico desde 2018 e, do seu plano final de recapitalização, o despendimento em massa de trabalhadores do sector bancário, o indeferimento, por parte do regulador, e alterações de membros dos conselhos de administração dos bancos comerciais.

De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira, produzido pelo Banco Nacional de Angola (BNA), referente ao primeiro semestre de 2022, o sector bancário beneficiou-se de uma conjuntura macroeconómica favorável, para robustecer os seus níveis de liquidez, de rentabilidade e solvabilidade. Excluindo as questões de fórum monetário, que registaram ligeiro agravamento, assistiu-se à evolução positiva nos níveis de endividamento público, na evolução dos indicadores reais da economia, redução da vulnerabilidade externa do país e das relações internacionais.

Com efeito, no período em referência, registou-se um incremento de 20,49% no rácio dos Fundos Próprios, acima dos 18,37% referentes ao segundo trimestre de 2021, impulsionados pela estratégia de retenção dos resultados e incremento do capital social, apurados na generalidade dos bancos comerciais, um posicionamento que está em linha com a necessidade permanente de adequação dos recursos próprios em linha com as novas metodologias de apuramento dos riscos de recursos próprios, vertidos no Instrutivo n.º 19/2021.

Este incremento, para além de representar o grau de comprometimento do sistema com a estabilidade das suas operações, reforça a confiança dos clientes e mantém os níveis de alavancagem financeira, da generalidade dos bancos, em níveis prudenciais, face aos desafios pelos quais a economia mundial está a passar.

Leia o artigo completo na edição de Novembro, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

The (in)stability of the Angolan financial sector

The Angolan financial sector is experiencing a rather complex moment with the regarding the revocation of operators' licenses, despite the registered record of transactions in the secondary public debt market.

Several positive developments that should certainly boost the level of maturity, depth and attractiveness of the Angolan banking system for both investors and market operators include Banco Angolano de Investimento (BAI) and Banco Caixa Geral de Angola’s recent IPOs in the local stock market; added to this is Nigeria’s largest bank expressing interest in entering our banking sector.

But, on the other hand, there have also been some negative developments for the  stability, confidence and robustness that is wanted in our banking system. Among them are the increase in fines and even the exclusion of some banks from participation in currency auctions; Banco Prestígio’s license revocation; and lastly, the recommendation from Angola’s Central Bank (BNA) that Banco de Comércio e Indústria increase its capital. In addition, the non-publication of Banco Económico's accounts since 2018 and, in its final recapitalization plan, the mass expenditure of workers in the banking sector, is another red flag; the regulator’s rejections and changes of commercial banks’ Boards of Directors finalizes our list. According to the Financial Stability Report produced by BNA, which covers the first semester of the current year, the banking sector benefited from a favorable macroeconomic environment, which in turn allowed it to strengthen its levels of liquidity, profitability and solvency. Excluding monetary issues, which registered a slight deterioration, there was a positive evolution in the levels of public indebtedness, in the real indicators of the economy, in the reduction of external debt vulnerability and in international relations.

In fact, in this period, there was a 20.49% increase in the Equity Ratio, above 18.37% for the second quarter of 2021, which was driven by the strategy of earnings retention and increasing share capital verified in most commercial banks; this position is in line with the permanent need to adapt banks’ minimum capital requirements in line with the new methodologies for calculating their risks, as mandated in Instruction nº 19/2021.

This increase, in addition to representing the system's degree of commitment to the stability of its operations, reinforces customer confidence and maintains most bank’s financial leverage levels at a prudent point in the face of the challenges currently affecting the global economy.

Read the full article in the November issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com)