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A nossa indústria da paz continua adormecida

Sebastião Vemba
23/10/2023
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Foto:
Carlos Aguiar

O turismo internacional cresceu 86% no primeiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022, mostrando um crescimento contínuo no início do ano.

Estima-se que 235 milhões de turistas viajaram internacionalmente nos primeiros três meses, mais do que o dobro de igual período de 2022. As receitas do turismo internacional cresceram, em 2022,  50% em termos reais, comparativamente a 2021, atingindo 64% dos níveis pré-pandémicos.

Pouco ou nada se sabe sobre o desenvolvimento do sector em Angola nos últimos anos, devido à ausência de estatísticas actualizadas. Entretanto, apesar de várias iniciativas em curso, que vão desde a facilitação de vistos à promoção do país no mercado internacional, sabe-se que o peso do turismo nas exportações é totalmente residual. De acordo com o ‘Estudo da Cadeia de Valor do Sector do Turismo em Angola’, desenvolvido no âmbito do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), em termos de atracção de turistas, nos últimos anos, Angola tem baseado a actividade do sector nos turistas domésticos que representavam, até 2020, cerca de 70% do mercado, um dado que se justifica, obviamente, pelo contexto internacional que se viveu de 2020 a 2022, motivado pela pandemia da Covid-19, que limitou tanto as deslocações internacionais quanto as internas.

Entretanto, dados do período pré-pandemia já eram lastimáveis. Em 2018, o sector contribuía com menos de 1% no PIB. Em 2019, visitaram o país pelo menos 217,7 mil turistas, dos quais cerca de 27% vieram de Portugal.

Passados 22 anos depois do alcance da paz, Angola continua com a sua indústria do turismo adormecida, apesar do forte potencial natural e histórico de que dispõe para desenvolver o sector. Os constrangimentos são antigos, desde a ausência e/ou fragilidade de infra-estruturas, ao alto preço dos serviços que é, em si, um reflexo da nossa forte dependência das importações. Estamos distantes de criar uma Califórnia ou um Dubai no país, mas podemos fazer muito com poucos recursos, desde que haja vontade e sejam criadas as condições necessárias para os investidores e operadores actuarem. A formação de quadros, obviamente, é imprescindível.

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