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"A soberania de um país passa pelas suas reservas alimentares"

Cláudio Gomes
17/6/2022
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Foto:
DR

O empresário Nelito Monteiro defende que, enquanto o país não for auto-suficiente na produção de soja e de milho, não terá preços concorrenciais na produção de ovos, frango, carne de porco e leite.

O empresário que investe nos diferentes segmentos do agro-negócio como na criação de gado, produção de frutas, legumes, na província de Benguela, declarou que o Governo deve prestar maior atenção, sobretudo, em quatro produtos, nomeadamente o feijão, trigo, milho e a soja considerando o seu valor nutricional e na sua aplicabilidade na cadeia produtiva nacional.

A título de exemplo, Nelito Monteiro apontou a produção de leite que, a seu ver, ainda “é praticamente inexistente”, e que na sua visão só será possível inverter o actual quadro quando o país for auto-suficiente na produção do milho e da soja. “O leite que se vê aqui é importado em pó e depois agrega-se outros elementos para transforma-lo em líquido”, mencionou.

À Economia & Mercado, o interlocutor que investe também na comercialização de insumos agrícolas, com particular realce para os fertilizantes, fez saber igualmente que o feijão, trigo, milho e a soja “são parte fundamentais na reserva alimentar da população”.

Produção de hortícolas

Já em relação ao desenvolvimento da produção de hortícolas, Nelito Monteiro defendeu uma aposta séria na construção de estufas por causa das vantagens duplas a elas inerentes.

Em primeiro lugar, explicou, permite que se trabalhe em determinados produtos em tempo chuvoso como, por exemplo, o tomate. “Produzindo no tempo chuvoso influenciará na estabilização dos preços”, indicou.

À margem da conferência sobre a “auto-suficiência alimentar em Angola e a visão para a exportação”, realizada recentemente pela Associação Agro-pecuária de Angola (AAPA), na província de Benguela, referiu, por outro lado, que as estufas contribuem para a diminuição dos agro-químicos, agro-tóxicos, que com base a nova realidade inibem os consumidores que que evitam adquirir produtos que não cumpram com as normas sanitárias. “E em terceiro lugar, sem sombras de duvidas, com as estufas multiplicam-se ou duplicam-se a produção”, frisou.

“Temos que entender que a soberania de um país passa pelas suas reservas alimentares. Um país só é soberano efectivamente quando tem alimentos para a sua população”, sublinhou.

Em relação a construção de novos silos para armazenar produtos, o empresário disse que o país “provavelmente” não terá tanta necessidade de construir “muitos silos”, pois, terá apenas de rentabilizar os que existem. “Há muitos silos construídos em vários pontos que não estão a ser utilizados”, defendeu, frisando, em sentido contrário, que as empresas agrícolas de determinadas dimensões devem ter a capacidade de estoque. “Aí sim, estas devem ser potenciadas com alguns silos nas fazendas”, defendeu.