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África subsariana pode entrar em recessão em 2020 devido à Covid-19

António Nogueira
9/4/2020
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Foto:
DR

Economia da região poderá contrair entre 2,1% a 5,1%, contra o crescimento de 2,4% observado no ano passado, perspectiva o Banco Mundial.

A África subsariana, constituída por 48 Estados, incluindo Angola, poderá entrar em recessão económica em 2020, pela primeira vez em 25 anos, devido à rápida expansão da Covid-19, refere o Banco Mundial (BM).

O relatório Pulse of Africa do BM, divulgado hoje, adianta que a economia da região se contrairá entre 2,1% a 5,1%, contra o crescimento de 2,4% observados no ano passado, realçando, por outro lado, que o coronavírus deverá custar à África subsaariana entre 37 biliões a 79 biliões de dólares em perdas de produção este ano, devido às interrupções verificadas na cadeia de valor do comércio, entre outros factores.

"A pandemia da COVID-19 está a testar os limites das sociedades e economias em todo o mundo, e é provável que os países africanos sejam particularmente atingidos", disse o vice-presidente do Banco Mundial para a África, Hafez Ghanem.

O BM e o Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo o relatório Pulse of Africa, estão a envidar esforços para fornecer fundos de emergência aos países africanos e outros Estados para combater o vírus e mitigar o seu impacto nas economias dos países.

Vários governos africanos anunciaram bloqueios ou recolher obrigatório em resposta ao vírus, que demorou a chegar a muitos países africanos, mas que agora está a crescer exponencialmente, segundo a OMS, alertando que a África tem, até ao momento, pelo menos 10.956 casos confirmados do novo coronavírus, 562 mortes e 1.149 recuperações.

O BM alerta, no entanto, que caso a situação persista, o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) deverá cair acentuadamente, particularmente nas três maiores economias da região, nomeadamente Nigéria, Angola e África do Sul.

Os países exportadores de petróleo também seriam atingidos, enquanto “o crescimento provavelmente enfraqueceria substancialmente na União Económica e Monetária da África Ocidental e na Comunidade da África Oriental devido à fraca procura externa, interrupções nas cadeias de consumo e produção doméstica”, lê-se no documento.

O BM considera, por outro lado, que a disseminação da doença respiratória semelhante à gripe tem também potencial para levar a uma crise de segurança alimentar no continente africano, com a previsão de produção agrícola a contrair 2,6% e até 7%, em caso de bloqueio comercial.

"As importações de alimentos cairiam substancialmente (até 25% ou 13%) devido a uma combinação de custos de transação mais altos e procura doméstica reduzida", refere o BM, num comunicado que acompanha o relatório Pulse of Africa.

Quer o BM, quer o FMI têm estado a pedir às principais economias do mundo, nomeadamente China e Estados Unidos, entre outros credores, a suspensão temporária do pagamento da dívida contraída por países mais pobres, para que estes possam utilizar o dinheiro para impedir a propagação da doença e mitigar o seu impacto financeiro.

"Será necessário algum tipo de alívio da dívida dos credores bilaterais para garantir os recursos urgentemente necessários para combater a COVID-19 e assim ajudar a gestão e manutenção da estabilidade macroeconómica na região", realça Cesar Calderon, economista principal do BM e autor principal do relatório Pulse of Africa.

O BM aconselha, por outro lado, aos formuladores de políticas africanos a concentrarem-se em salvar vidas e a proteger os meios de subsistência, gastando dinheiro para fortalecer os sistemas de saúde e adoptando acções rápidas para minimizar as interrupções nas cadeias de consumo alimentar.

Também recomendou programas de protecção social, incluindo transferências de dinheiro, distribuição de alimentos e isenções de taxas, para apoiar os cidadãos, especialmente aqueles que trabalham no sector informal.