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PATROCINADO

Aldeia Solar ensombrada

Ladislau Francisco e José Zangui
19/11/2021
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Foto:
Carlos Aguiar

Volvidos sete anos desde a inauguração, a Aldeia Solar, em Catete, é uma sombra de todo o potencial que tinha. Os painéis solares (roubados ou degradados) são uma boa mostra da sua decadência.

Instalados para serem autónomos e capazes de responder a todas as necessidades energéticas da vila, os painéis solares não respondem, hoje, às necessidades, por terem sido furtados ou porque têm as baterias deterioradas, pelo que, ainda que liguem, não acumulam energia, como explicou a moradora Laurinda Carlos.

A Aldeia Solar foi criada pelo Ministério da Energia e Águas, com o financiamento da Sonangol. Foi pensada para ser um projecto à frente do seu tempo, inovador, visando não só responder à necessidade de fomento habitacional, mas também olhar para um futuro sustentável, no qual as fontes de energia alternativas são prioridades. Mas, o tempo passou, e o projecto ficou aquém dos objectivos.

Nesta Aldeia Solar, localizada em Catete, município de Icolo e Bengo, província de Luanda, falta quase tudo. A população que lá vive, maioritariamente, foi retirada da vizinha Aldeia Honga Zanga, em 2017, no âmbito da política habitacional do Governo para a melhoria das condições de comodidade.

Conforme populares, a economia não funciona. Há um mercado construído, mas encontra-se literalmente vazio. Os moradores vivem da permuta, e o principal alimento é o milho torrado. “As pessoas aqui não têm dinheiro”, afirmou Luzia Gaudêncio, moradora.

A distância que separa a Aldeia Solar do centro político-administrativo de Catete é de 14 quilómetros. A viagem de ida e volta de táxi custa mil kwanzas. Já para ter acesso à água, os moradores percorrem cerca de um quilómetro para as aldeias vizinhas. O recipiente de 20 litros custa 100 Kz. A outra opção é andar ainda mais quilómetros, à procura de lagos e lagoas.

No interior da Aldeia Solar há uma subestação de tratamento de água que não funciona. Para atender ao clamor da população, a EPAL distribui, gratuitamente, água em camiões-cisterna, uma vez por semana, e apenas 20 litros para cada família, constatou a E&M.

Segundo Laurinda Carlos, “de Aldeia Solar apenas ficou o nome. Não há energia, a iluminação nocturna é feita à base de vela, lanterna ou gerador para quem pode. Para carregar os telemóveis, vamos às aldeias vizinhas”, descreveu.

A nossa reportagem soube que funcionários da ENDE estiveram, este ano, no local, para fazer o levantamento da funcionalidade dos painéis solares. Ao todo, são 500 fogos habitacionais, mas contam-se aos dedos os que ainda têm energia eléctrica.

Leia o artigo completo na edição de Novembro, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

Solar Village under shadows

Seven years after its inauguration, Aldeia Solar, in Catete, is a shadow of all the potential it had. The solar panels (stolen or degraded) are a good example of its decadence.

Installed to be autonomous and capable of meeting all energy needs of the village, today, the solar panels do not meet the needs, either because they were stolen or because their batteries are deteriorated. And even if they do turn on, they do not accumulate energy, explained resident Laurinda Carlos.

“Aldeia Solar” (Solar Village) was created by the Ministry of Power and Water with financing from Sonangol. It was thought to be a project ahead of its time, innovative, aiming not only to respond to the need for housing, but also for a sustainable future in which alternative energy sources are key. But time went by and the project fell short of its goals.

In this solar village located in Catete, Icolo e Bengo municipality, Luanda province, almost everything is lacking. The majority of people that live there were removed from the neighboring Honga Zanga village in 2017, under a Government policy to improve housing conditions.

According to the residents, the economy does not work. A market was built, but it is literally empty. The residents live by bartering and the main meal is roasted corn. “People here have no money”, said Luzia Gaudêncio, a resident.

The distance between Aldeia Solar and the political-administrative center of Catete is 14 kilometers. The round trip by taxi costs 1000 kwanzas. In order to have access to water, the villagers have to travel nearly one kilometer to the neighboring villages. A 20-liter container of water costs 100 kwanzas. The other option is to travel even further in search of lakes and ponds.

As witnessed by E&M, inside the solar village there is a water treatment substation that does not work. To meet the clamor of the population, EPAL distributes free water in tanker trucks once a week, but only 20 liters for per family.

According to Laurinda Carlos, “only the name of the ‘Solar Village’ remains. There is no power. At night, light is provided by candles, lanterns or a generator for those who can. To charge our cell phones we go to the neighboring villages”, she told.

Our reporters were told that ENDE officials were on site this year to survey the functionality of the solar panels. In all there are 500 houses, but you can count on your fingers those that still have power.

Read the entire article in the November issue, now available on the E&M app for Android and on login (appeconomiaemercado.com).