Ainda de acordo com o Unicef, metade das crianças em Angola, sobretudo, no meio rural nunca foi vacinada. A baixa cobertura de saúde primária e as limitações para armazenar imunizantes são alguns dos desafios para a expansão da vacinação no país.
Numa altura em que se comemora a semana mundial de imunização, país tenta recuperar atrasos na cobertura vacinal, 43% dos menores não receberam nenhuma dose de vacina em 2021.
Segundo o Unicef, o aumento do financiamento pode ajudar a reorganizar serviços.
De acordo com o chefe de Saúde e Nutrição do Unicef em Angola, Frederico Brito, nas zonas urbanas está a crescer o sector privado de atendimento na área de saúde.
Para aquele chefe de Saúde e Nutrição, é preciso que haja uma negociação com as entidades que providenciam serviços privados para que se possa ter um pacote completo de cuidados de saúde primários, que incluam a vacinação.
“Portanto isso pode ser feito através de convênios com o governo, para que, de facto, esse direito básico das crianças angolanas, e também das mulheres, seja realizado através de toda rede sanitária que está disponível”, disse.
Frederico Brito lembrou que Angola viveu um conflito de longa duração que destruiu a infraestrutura sanitária no nível periférico. Como resultado, a parcela da população coberta por serviços de saúde não passa de 60%.
Por outro lado, o especialista do Unicef aponta a oportunidade de alcançar mais crianças por meio da oferta de vacinação em toda a rede sanitária disponível, inclusive no setor privado.
Outro problema a ser enfrentado é a capacidade de armazenamento dos imunizantes. Apenas 60% das unidades de saúde dispõem de equipamento adequado de resfriamento para conservação das vacinas em baixa temperatura. Isso prejudica a oferta eficaz quando as crianças precisam.
De acordo com este especialista, os serviços ao nível da comunidade ainda estão em processo de fortalecimento, pois a rede de agentes comunitários é limitada.
Considera, por isso, fundamental a discussão com as pessoas que recebem os serviços sobre barreiras que encontram para a vacinação, para criar serviços resilientes e adaptados às necessidades da população.
Como exemplo positivo, Frederico Brito mencionou a colaboração com líderes comunitários nas periferias para identificar crianças que não foram vacinadas.