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Angola reestrutura dívida privada

Redacção_E&M
23/3/2021
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Foto:
DR

Até agora, Angola foi o único País que conseguiu reestruturar a sua dívida privada sem implicações negativas no 'rating', disse ontem, segunda-feira, 22, Vera Songwe.

Segundo a secretária-executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para África, "Angola foi uma espécie de precursor do que o Enquadramento Comum para o tratamento da dívida para além da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI)”.

De acordo com a responsável, de certa maneira, as autoridades angolanas conseguiram negociar com os credores chineses públicos e privados e tiveram longas conversações e resolver a dívida, antes do lançamento do Enquadramento Comum. “Fizeram isso rapidamente, mas ainda nenhum país passou pelo processo do Enquadramento”, explicou Vera Songwe.

À margem da conferência dos ministros das Finanças africanos, que decorre até hoje, está terça-feira, a secretária-executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para África confirmou a visão de que a adesão a esta iniciativa lançada pelo G20 para lidar com a dívida insustentável, para lá da DSSI, implica uma descida do ‘rating’, mas desvalorizou a questão.

"Não se pode ter o bolo e comê-lo ao mesmo tempo”, disse Vera Songwe em declarações à Lusa, salientando que "até agora houve três países que aderiram ao Enquadramento Comum, ao passo que houve 27 que aderiram à DSSI, permitindo libertar 5 mil milhões de dólares”, cerca de 4,2 mil milhões de euros.

Quanto a DSSI, a dirigente explicou que esta "não afecta directamente o rating, enquanto o Enquadramento Comum, sim, temos de ser muito claros nisto, porque é uma reestruturação da dívida privada e quando se adere, tem de haver obrigatoriamente um tratamento comparável entre os credores privados e os credores públicos”.

Uma descida no ‘rating’ não é o fim do mundo, defendeu, por isso "quem precisa de uma reestruturação da dívida tem de lhe chamar isso mesmo e dizê-lo, porque há demasiado estigma” à volta da questão, disse a líder da ONU em África, lembrando que vários países na América Latina, como o Equador e a Argentina, já passaram pelo mesmo.

"Se a dívida é insustentável, é preferível aderirem ao Enquadramento Comum do que terem uma evolução desordenada do problema”, afirmou, salientando que o processo está em curso "porque nenhum país completou o Enquadramento Comum”.