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Angola terá de pagar 5 mil milhões USD em dívida pública este ano

Redacção_E&M
15/6/2020
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Foto:
DR

A Fitch Ratings considera que a depreciação das reservas estrangeiras e o aumento dos custos de financiamento aumentaram o rácio da dívida sobre o PIB.

O Estado angolano deverá ter de pagar cerca de 5 mil milhões de dólares este ano em dívida pública, representando mais de 60% da receita do Governo, indica a agência de notação financeira Fitch Ratings, num relatório sobre a evolução das economias da África subsaariana nos últimos meses.

“Estimamos que o Governo de Angola enfrente um custo de aproximadamente 5 mil milhões de dólares, equivalente a 8% do PIB, em amortizações de dívida externa, com o total dos pagamentos de juro a aumentarem para mais de 60% da receita governamental”, lê-se no documento.

De acordo com os analistas da Fitch Ratings, “apesar do ajustamento orçamental em curso, a depreciação das reservas estrangeiras e o aumento dos custos de financiamento aumentaram o rácio da dívida sobre o PIB para bem acima da classificação média de B”, o rating atribuído a Angola.

“O choque do novo coronavírus vai exercer ainda mais pressão sobre as finanças públicas em 2020″, dizem os especialistas, acrescentando que, por isso, “Angola deverá chegar a acordo com os credores oficiais bilaterais sobre a reestruturação da dívida, mas a revisão do programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) pode requerer uma reestruturação adicional da dívida comercial”.

A Fitch antevê que o crescimento económico continue negativo este ano, contraindo 1,5% do PIB, e que a dívida pública suba para 107,5%, com a produção de petróleo a cair para 1,3 milhões de barris por dia, o que obriga o Governo a “encontrar novas fontes de financiamento para além do FMI, das instituições multilaterais e das retiradas de dinheiro do Fundo Soberano”.

A 16 de março, a Fitch reviu em baixa o rating de Angola, colocando em B- com uma Perspetiva de Evolução Estável.

O relatório da Fitch surge numa altura em que a Comissão Económica para África das Nações Unidas (UNECA) tem estado em reuniões com os ministros das Finanças africanos, na sequência da discussão pública que tem existido nos mercados financeiros africanos sobre como os governos podem honrar os compromissos e, ao mesmo tempo, investir na despesa necessária para conter a pandemia.