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Aumento duplicado do preço de combustível pressionou resultados da TAAG em 2022

Mariano Quissola
16/5/2023
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Foto:
Carlos Aguiar

‍Apesar do ambiente adverso, a empresa registou o aumento de transporte de passageiros na ordem de 64% e perdões de dívidas vencidas no montante de 31 milhões USD.

A TAAG registou lucros em 2022, acima de 460 milhões de kwanzas, equivalentes a 898,7 mil dólares, num cenário considerado adverso, com o aumento do preço do combustível na ordem 30%, superior ao valor do mercado internacional.

A informação foi avançada esta segunda-feira, 15, pela administradora para a área financeira, durante a apresentação dos resultados do exercício económico do ano passado, considerado histórico, na medida em retorna aos lucros vários anos depois de enormes prejuízos.

“Os resultados são alcançados num contexto adverso, nomeadamente, num ano em que houve diversas disrupções da indústria com atrasos significativos nos diversos aeroportos em que operamos, bem como, congestionamento da cadeia logística, quer na disponibilidade dos resultados consumíveis e necessários para o processo de recuperação da frota, quer de slots para manutenção das aeronaves, que precisam, mas nem sempre estão disponíveis no momento oportuno”, explicou Gabriela Bastos.

Relativamente à evolução dos custos operacionais, segundo o documeto, ascenderam a 480 milhões de dólares, representando cerca de 81% da estrutura de custos reportada para 2019, apesar dos custos com combustível Jet A1 mais altos.

“Os custos operacionais aumentaram face a 2021, mantiveram-se abaixo dos níveis de 2019 (-20%), fruto de um esforço de renegociação dos principais custos directos de operação e de uma optimização da capacidade oferecida. A nível unitário, o CASK decresceu 4 cêntimos e o CASK ex-fuel decresceu 5 cêntimos”, lê-se no resumo do relatório e contas da TAAG.

Gabriela Bastos acrescenta que “este exercício foi marcado por uma subida elevada da taxa de juro, entretanto, os financiamentos que têm taxa de juros variáveis são impactados por essa flutuação, subida generalizada dos preços e serviços”.

A gestora destacou também o facto de a empresa ter conseguido perdões das dívidas em 31 milhões de USD, fruto do esforço combinado de cumprimento das obrigações de pagamento correntes e da renegociação de passivos.

Aumento de passageiros

No ano em análise, a transportadora aérea nacional registou um aumentou de transporte de passageiros na ordem de 64%, comparado com o período anterior, como consta do documento que vimos citando.  

“O número de passageiros transportados aumentou 182% face a 2021, representando 64% dos níveis de 2019. O número de partidas aumentou 160%, atingindo 80% dos níveis de 2019”, descreve o relatório, destacando as métricas de volume terem aumentado face a 202.

O documento destaca o facto dessa evolução sinalizar uma tendência de recuperação consistente e sólida dos níveis pré-pandemia, apesar de a frota em operação ser mais reduzida, o que representa uma operação mais eficiente.

Consta que o total das receitas operacionais de 2022 ascendeu a 390 milhões de dólares, superior a cerca de duas vezes o volume de receitas de 2021, comparativamente ao indicador de 2019, antes da crise pandémica.

De modo global, as receitas operacionais representaram 99,6% deste indicador para o ano completo de 2019, registando uma recuperação efectiva das receitas que supera as perspectivas da IATA, apesar de -49% dos ASKs face a 2019, segundo a administração da TAAG.

Nesse período, lê-se, a receita de passageiros correspondeu a cerca de 80% do total das receitas operacionais, tendo-se constatado níveis de receitas unitárias acima dos níveis de 2019, impulsionadas por tarifas mais competitivas e melhores taxas de ocupação (load factors), indicando uma melhoria substancial na estratégia de vendas, distribuição e precificação, gerando uma mais eficiente utilização dos activos, factores indispensáveis à sustentabilidade financeira da TAAG.

Obstáculos encontrados

O retorno aos resultados líquidos da TAAG, depois de vários anos de prejuízos, resulta da superação de um conjunto de dificuldades que a actual administração encontrou, com realce para uma “frota desadequada para as rotas operadas e a ausência de uma ferramenta de gestão ágil que auxiliasse na organização de tarefas para aumento da produtividade da organização.

A frágil posição de tesouraria, o fraco nível de controlo interno (finanças, comercial, operações) permeável a práticas não profissionais e corrupção, contratos onerosos e acima dos preços de mercado internacional (30%), segmento de negócio da carga em risco de ser uma potencial oportunidade perdida, força de trabalho desmotivada e com necessidades profundas de formação, configuram outros obstáculos encontrados.

Para a companhia concorrer as principais operadoras do mercado, a administração da TAAG já sabe o que deve ser feito, com destaque para a contratação de pessoal qualificado e capitalização da empresa.

“Conforme ênfase do Relatório do Auditor Independente, o apoio Accionista é fundamental para o equilíbrio da posição patrimonial (reforço do Balanço da TAAG). Nível de liquidez reforçado pelos fluxos de caixa operacionais e pela realização de prestações suplementares de capital pelo accionista IGAPE no montante de 87,5 milhões de dólares”, lê-se.