Consta na informação financeira do BAI que no quarto trimestre de 2022 o resultado foi de 101,1 mil milhões Kz, contra 141,5 mil milhões Kz obtidos no mesmo período de 2021, o que representa uma redução de aproximadamente 29%.   

Apesar da redução do lucro, comparativamente ao período homólogo, aquela instituição bancária teve maior participação na economia no ano passado, por ter aumentado em quase 10% (para 35,4 mil milhões Kz) o montante do crédito.  

Ainda assim, pela carteira de crédito concedido e volume de depósitos captados no exercício económico transacto, o BAI está longe de fazer parte das instituições bancárias do sistema que mais contribuem para a economia, pois o rácio de transformação foi de 15%, muito aquém do mínimo exigido (50%).

Especialistas afirmam que um rácio de transformação muito baixo é mau, pois ilustra que há elevada captação de depósitos, comparativamente ao valor do crédito concedido. No caso do BAI, os dados apontam que em 2022 os depósitos ficaram quantificados em 2,6 biliões Kz e representam quase 97% do passivo daquela banco.  

Daniel Sapateiro, economista, considerou anormal o facto de o rácio de transformação de depósitos em crédito do BAI ser inferior a 50%, pois significa que em cada 100 kz emprestou 15 Kz ou menos, causando dúvidas de "como o lucro foi obtido". 

"Inclusive já se sabe que a margem financeira foi adquirida por outros caminhos, tais como a dívida pública, mercado cambial e quiçá as reversões das imparidades por via da gestão de activos mobiliários, assim como a colocação destas no mercado", disse.      

A carteira de crédito (392,3 mil milhões Kz) teve um peso de aproximadamente 12% do activo, que no quarto trimestre do exercício económico passado estava avaliado em pelo 3,2 biliões Kz. Este indicador do BAI também aumentou (5%) em 2022, reforçando assim a posição de maior banco do sistema.      

Quanto ainda ao baixo índice do rácio de transformação na banca, especialistas acreditam resultar no facto de a maioria dos bancos investir mais na dívida pública. Aliás, o BAI é dos principais investidores deste instrumento financeiro, apenas perde para o Banco de Fomento Angola (BFA), o maior parceiro do Estado nesta matéria.  

No período em análise, o investimento do BAI em títulos e valores mobiliários cifrou-se pelo menos 1,3 biliões Kz (2,6 mil milhões USD) e representou 40,9% do activo. O investimento deste banco em títulos e valores mobiliários aumentou 12%.