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Cabo Verde: um exemplo a seguir

Sebastião Vemba
8/2/2024
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Foto:
Carlos Aguiar

No início de Janeiro, Cabo Verde foi certificado como país livre da malária pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tornando-se o terceiro a receber a creditação depois das Maurícias e da Argélia.

Desde o último pico de casos no final da década de 1980, a malária em Cabo Verde esteve confinada a duas ilhas: Santiago e Boa Vista, que estão agora livres da doença desde 2017. Segundo a diretora Nacional de Saúde daquele país, em entrevista à DW, o facto de, desde 2007, constar da política nacional de saúde o objectivo de eliminação do paludismo foi um passo importante para a erradicação da doença. Entretanto, foi necessário não deixar os planos no papel e envagetá-los.  ngela Gomes afirmou, na revista referida entrevista, que o segundo aspecto fundamental “é a formação e investimentos feitos a nível de recursos humanos, a nível de estruturação do programa nacional de combate ao paludismo e a capitalização deste programa com recursos que vêm em grande parte do Fundo Global, mas também tem rúbricas assumidas pelo Orçamento Geral do Estado de Cabo Verde”.

O percurso de Cabo Verde no combate à malária, como se pode imaginar, vem de longa data. Em 2013, por exemplo, de acordo com a OMS e a Parceria Fazer Recuar a Malária, o país já era apontado como um dos que tinham registado avanços significativos no combate da doença, podendo, inclusive, tornar-se no primeiro dos PALOP a eliminar a malária. O sonho, se assim podemos chamá-lo, tornou-se realidade. Mas foi necessário muito trabalho. Não basta haver verbas. É necessário aplicá-las correctamente, começando por áreas como a investigação e e formação de quadros que devem ser devidamente valorizados.

Angola - um país altamente vulnerável à malária, que se estima ser responsável por 40% das doenças e 42% das mortes, segundo a OMS - quer fazer o mesmo caminho percorrido por Cabo Verde, Maurícias e Argélia. O governo lançou, no ano passado, a campanha “Zero Malária Começa Comigo”, uma iniciativa de âmbito continental. É um sonho que se pode tornar realidade, mas é necessário firmar os pés no chão para alcançá-lo. Como defendido, recentemente, neste espaço, este percurso pode começar com melhoria dos dados sobre a endemia no país, para que ela seja devidamente atacada. De contrário, estaremos a tapar o sol com a peneira.

Leia o artigo completo na edição de Fevereiro, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

Cape Verde: an example to follow

At the beginning of January, Cape Verde was certified as a malaria-free country by the World Health Organization (WHO), becoming the third country to receive the certification in the region, after Mauritius and Algeria.

Since the last peak in cases in the late 1980s, malaria in Cape Verde has been confined to two islands: Santiago and Boa Vista, which have now been free of the disease since 2017. According to the country's National Health Director, in an interview with DW, including the goal of eliminating malaria in the national health policy since 2007 was an important step towards eradicating the disease. However, it was necessary not to leave the plans on paper, but to put them into practice. In the aforementioned interview,  ngela Gomes said that the second fundamental aspect "is the training and investments made in terms of human resources, in terms of structuring the national program to combat malaria and the capitalization of this program with resources that come largely from the Global Fund, but also from the General State Budget of Cape Verde".

Cape Verde's track record in combating malaria, as you can imagine, goes back a long way. In 2013, for example, according to the WHO and the Roll Back Malaria Partnership, the country was identified as one of those that had made significant progress in combating the disease, and could even become the first PALOP country to eliminate malaria. The dream, if you can call it that, has come true. But it took a lot of work. It's not enough to have funds. It is necessary to apply them correctly, starting with areas such as research and the training of staff who must be properly valued.

Angola - a country highly vulnerable to malaria, which is estimated to account for 40% of illnesses and 42% of deaths, according to the WHO - wants to follow the same path as Cape Verde, Mauritius and Algeria. Last year, the government launched the "Zero Malaria Starts with Me" campaign, a continent-wide initiative. It's a dream that can come true, but we need to keep our feet on the ground to achieve it. As I recently argued in this column, this journey can begin with improving data on the country's endemic disease, so that it can be properly tackled. Otherwise, we'll be covering the sun with a sieve.

Read the full article in the February issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).