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Camilo Ceita desabafa na hora do adeus ao INE

José Zangui
23/10/2020
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Foto:
DR

“Acabamos a nossa missão com a plena consciência do dever cumprido”, reagiu, esta semana, o antigo director-geral, do Instituto Nacional de Estatística (INE), Camilo Ceita.

Acrescentando, Camilo Ceita disse que “só estávamos a espera de algum respeito e comunicação para sabermos as razões da nossa saída, que é legítima”.

O especialista soube da sua exoneração, na semana passada, decisão que não o agradou, como demonstra num e-mail de despedida aos colegas e enviado também à Economia & Mercado.

Na nota de agradecimento, o antigo director-geral do INE, substituído por um técnico do Ministério das Finanças, Channey Rosa John, afirmou estar convicto de terminar a missão com “plena consciência do dever cumprido”, mas estava à espera de “respeito e consideração”.

Entretanto, o antigo dirigente não parou por aí, mostrou, em resumo, aquilo que considera os feitos dos nove anos da sua gestão, nomeadamente, o Recenseamento Geral da População e Habitação de 2014, o primeiro no país; Recenseamento Agro-pecuário e Pescas, em curso, o primeiro na Angola independente; Recenseamento de Empresas e Estabelecimento; Grandes inquéritos aos agregados familiares. Todos os inquéritos correntes necessários para medição de todos os produtos estatísticos produzidos e publicados pelo INE com destaque para o Emprego; Construção; Conjuntura Económica as Empresas e as Famílias.

Camilo Ceita fez todo um pecurso para chegar a director-geral do INE, segundo contou em entrevista, no ano passado, a E&M.

Entrou para a instituição antes de terminar a formação superior, isto e m 1995. Cerca de seis anos depois, solicitou uma Licença e concorreu para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) onde atingiu o posto mais alto para um nacional, ou seja, Assistente do Representante Residente para Programas com a responsabilidade das áreas de Pobreza, Ambiente, Desminagem e VIH/SIDA.

“Enfim, não me é possível elencar aqui tudo que se conseguiu fazer, em conjunto, nestes 10 anos de trabalho árduo e, muitas vezes em detrimento da família”, lamentou, para mais adiante acrescentar. “Não estou aqui, hoje, a obrigar que se lembrem dos feitos que se fez. Entretanto, a consciência profissional, ética e a moral, orienta-me a passar em revista algumas das mais importantes acções”.

Com o desaparecimento físico de Maria Ferreira, ex. directora-geral do INE, em 2011, foi convidado pela então Ministra do Planeamento, Ana Dias Lourenço, hoje Primeira-Dama da República, para dirigir o INE. Posição que deixou, agora, nove anos depois.

Apesar da forma como foi exonerado, sem comunicação, disse estar aberto para servir o país noutros desafios.

Um conselho na hora do adeus

Na hora do adeus, Camilo Ceita deixou uma mensagem aos jovens que queiram abraçar a profissão de estatísticos: apaixonem-se pelos números. “Não bloqueiam desculpando-se de que o professor não explica bem. Mostrem interesse, desafiem os professores mostrando que estão apreender e que podem estar onde ele está”.

O contexto actual do país, referiu, caracteriza-se de maior necessidade de informação estatística para monitoria de programas do executivo, mais informação estatística para ajuda a decisão e, sobretudo, mais informação estatística para compreensão dos fenómenos que acompanham a crise económica e social.