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Cidades intermédias e mobilidade urbana (Conclusão)

Sebastião Vemba
18/5/2023
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Foto:
Carlos Aguiar

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) defende que, diante da actual pressão populacional sobre as cidades, é crucial redireccionar parte do êxodo rural para cidades intermédias.

A medida visa “reduzir a pressão sobre as capitais", sendo que, “ao investir em cidades de média dimensão”, se cria “uma rede territorial que reforça a integração entre as metrópoles e o campo". Na primeira parte desta reflexão, trouxe o exemplo de Luanda, que, depois de 446 anos desde a sua fundação, se transformou em várias “cidades” desprovidas de serviços básicos, sendo a mobilidade um dos mais atrasados. As recentes enxurradas que caíram sobre a cidade vieram reforçar a urgência da (re)ordenação urbanística e da mobilidade na cidade, começando pelo aumento da oferta dos serviços e melhoria das infra-estruturas, sendo a melhoria das estradas e dos transportes públicos inadiável.

Em 2009, o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) chamou atenção para a importância da mobilidade para o desenvolvimento social e económico de uma região, visto permitir o acesso a recursos, serviços, mercado de trabalho e pessoas, possibilitando, assim, um aumento na qualidade de vida dos cidadãos. De igual modo, a mobilidade é apontada como um factor imprescindível à competitividade e eficiência de uma região, em resultado da produtividade da força de trabalho. Para o caso de Angola, e de Luanda, em particular, a realidade aponta mais para o inverso. Não havendo estatísticas sobre o real impacto da ineficiente mobilidade urbana na produtividade, a alta abstinência laboral desafia-nos a pensar num cenário de perdas económicas que poderiam ser evitadas com investimentos sustentáveis no sector dos transportes e da mobilidade urbana, no geral, em vez das acções emergenciais e paliativas. Ou seja, fazendo jus ao que, em 2016, defendeu a OECD (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico), no Outlook Económico para África – Cidades Sustentáveis e Transformação Estrutural, é necessário que se invista em políticas urbanas consistentes e mais abrangentes “que transformem as cidades e as vilas africanas em motores de transformação estrutural sustentável”. E tal acontecerá, entre várias formas, por via da criação de postos de trabalho mais produtivos para a população urbana em rápido crescimento e desenvolvendo sistemas de transportes públicos funcionais que melhorem a conectividade urbana e dos centros de consumo com as áreas rurais.

Leia o artigo completo na edição de Maio, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

Intermediate cities and urban mobility (Conclusion)

The African Development Bank (AfDB) argues that, given the current population pressure on cities, it is crucial to redirect part of the rural exodus to intermediate cities, "in order to reduce the pressure on the capitals," and that "by investing in medium-sized cities," a territorial network is created that strengthens the integration between metropolises and the countryside." In the first part of this reflection, I brought up the example of Luanda, which after 446 years since its foundation has turned into several "cities" lacking basic services, with mobility being one of the most delayed. The recent floods that hit the city have reinforced the urgency of urban planning and mobility in the city, starting with the increase in the offer of services and improvement of infrastructure, with the improvement of roads and public transport being urgent.

In 2009, the World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) drew attention to the importance of mobility for the social and economic development of a region, as it allows access to resources, services, the job market, and people, thus enabling an increase in the quality of life of citizens. Similarly, mobility is seen as an essential factor for the competitiveness and efficiency of a region, resulting from the productivity of the workforce. In the case of Angola and Luanda, in particular, the reality points more towards the opposite. Without statistics on the real impact of inefficient urban mobility on productivity, high labor absenteeism challenges us to think of a scenario of economic losses that could be avoided with sustainable investments in the transport and urban mobility sector, in general, instead of emergency and palliative actions. In other words, living up to what the OECD (Organization for Economic Cooperation and Development) defended in 2016 in the Economic Outlook for Africa - Sustainable Cities and Structural Transformation, it is necessary to invest in consistent and more comprehensive urban policies "that transform African cities and towns into engines of sustainable structural transformation." And this will happen, among several ways, through the creation of more productive jobs for the rapidly growing urban population and the development of functional public transport systems that improve urban connectivity and consumption centers with rural areas.

Read the full article in the May issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).