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Coronavírus e as suas implicações

Justino Pinto de Andrade
30/3/2020
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Foto:
ISTOCKPHOTO

Em poucos dias, o mundo passou a falar, com pavor, do “nCoV-2019”, nome temporário dado ao novo “coronavírus” protagonista de um drama com epicentro na cidade de Wuhan.

Ainda não se conhece, com precisão, a origem deste surto cujos sintomas se podem confundir com uma gripe mais ou menos vulgar. Não se sabendo bem de onde partiu, dificilmente se poderá combatê-lo eficazmente.

O entretanto rebaptizado “COVID-19”, é a última estirpede “coronavírus”, numa série que iniciou em meados da década de 1960.

Sabe-se que três em cada quatro novas doenças são zoonóticas, ou seja, são transmitidas aos seres humanos pelos animais. Uma das razões apontadas para esse contacto cada vez mais frequente é o aumento da população humana (somos cerca de 7,7 mil milhões) e o consequente crescimento de produtos de origem animal na nossa dieta alimentar.

A primeira linha de investigação para o “COVID-19” apontou para o eventual consumo pelos seres humanos de cobras e/ou morcegos. De uma forma geral, a transmissão deste e de outros tipos de vírus resulta do contacto com animais selvagens. 
Porém, um estudo recente efectuado pela Universidade de Agricultura do Sul da China identificou o pangolim como o “possível hospedeiro intermediário” que terá facilitado a transmissão do vírus. Trata-se, assim, de uma espécie de “reservatório” do vírus, sem, porém, adoencer.

Os cientistas chineses descobriram que os vírus detectados nos pangolins são 99% idênticos aos encontrados nos pacientes humanos. Como tal, os pangolins serviriam de “hospedeiro intermediário” entre morcegos e humanos.

Em África têm sido recorrentes contaminações de vírus fruto do contacto dos homens com animais selvagens. Estamos recordados, por exemplo, do Ébola, uma febre hemorrágica de vida ao contacto com chimpanzés, morcegos frutívoros, gorilas, macacos, antílopes e porcos-espinhos encontrados mortos ou doentes na floresta tropical. O seu nome deriva do facto de, em 1976,ter sido localizado numa região da República Democrática do Congo com esse nome. Em simultâneo, surgiu também em Nzara, no Sudão.

Os morcegos são considerados os hospedeiros do Ébola, assumindo-se já cinco estirpes: Bundibugyo, Costa do Marfim, Reston, Sudão eZaire, nomes dados a partir dos locais da sua origem.

A expansão do Ébola em nada se compara com os “coronavírus”. Mas é muito mais letal, pois pode matar mais de 90% das pessoas infectadas.

Semelhante ao Ébola, temos outra febre hemorrágica, o Marburg, que, inclusive, também ocorreu em Angola entre 2004 e 2005, matando mais de 220 pessoas das 252 contaminadas.

A origem do Marburg é dada como estando no Uganda e no Quénia. Surgiu pela primeira vez em 1967, colhendo o nome pelo facto de ter contaminado 31 pessoas nas cidades alemãs de Marburg e Frankfurt am Main e na cidade sérvia de Belgrado. Transmitido aparentemente por macacos infectados importados do Uganda para uso no desenvolvimento de vacinas da pólio, foi o primeiro filo vírus identificado.

De modo algum estes surtos virais se aproximam da dimensão e do impacto socioeconómico do “coronavírus”.
 A designação “coronavírus” derivado facto de, vistos a microscópio, apresentarem espinhos em forma de coroa.

Os primeiros “coronavírus” identificados em seres humanos remontam a meados da década de 1960.

Leia mais na edição de Março de 2020

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