De acordo com os dados disponíveis no documento publicado esta semana pelo Banco Fomento Angola (BFA), o comércio e o sector público tiverem o maior impacto no crescimento do emprego.
Citando o Inquérito ao Emprego em Angola publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o documento refere que trata-se da maior quebra homóloga na taxa de desemprego desde o início da série estatística em 2019.
Segundo o BFA, a taxa de desemprego desceu 0,2 pontos percentuais face ao segundo trimestre do presente ano, período em que se tinha fixado nos 30,2%. “É a taxa de desemprego mais baixa dos últimos 3 anos, desde o segundo trimestre de 2019 (29,0%)”, lê-se.
A nota do BFA refere que se trata de uma taxa de desemprego entre as mais elevadas do mundo. “Contam-se apenas alguns poucos países com taxas mais elevadas como a Nigéria e a África do Sul, 33,3% e 32,9%”, respectivamente, de acordo com dados da Bloomberg.
Segundo a análise feita por especialistas deste banco de referência nacional, a recuperação da economia está a levar a um início da descida mais persistente da taxa de desemprego em Angola. “A taxa caiu em termos homólogos pelo segundo trimestre consecutivo, e em termos trimestrais foi a quarta quebra seguida”, argumentam.
Os cinco anos de recessão, realçam os especialistas, junto com o impacto da pandemia da Covid-19, levaram a taxa a picos de 34% nos terceiros trimestres de 2020 e 2021, e as médias de 32% em 2020 e 2021. “Ou seja, um terço das pessoas disponíveis para trabalhar e à procura de trabalho estavam sem emprego formal ou informal na economia angolana. A pandemia da Covid-19 obrigou o mundo a adoptar mecanismos de defesa para salvaguardar o bem vida, tendo criado uma ruptura no mercado de trabalho com a perda nominal de muitos postos de trabalho, elevando desta forma a taxa de desemprego em muitos países”, explicam.
De acordo com o relatório em posse da Economia & Mercado, Angola não foi a excepção, uma vez que a taxa de desemprego já vinha de uma tendência crescente, sendo que a pandemia apenas serviu de uma “mola impulsionadora”, empurrado-a num ritmo de crescimento ligeiramente mais acelerado, tendo atingido um máximo histórico no terceiro trimestre de 2021, altura em que registou 34,1%. “Mas desde então tem decrescido, mantendo-se resistente na faixa dos 30%”, salientam.
Olhando para a variação homóloga, por outro lado, o documento expedito pelo BFA dá conta que “o pior agravamento da situação deu-se no terceiro trimestre de 2020”, com um aumento de 3,3 pontos percentuais para 34,0%, tendo, posteriormente, conforme análise dos especialistas, o mercado de trabalho encetado um início de recuperação, que mais tarde voltou a registar agravamentos homólogos, que foram interrompidos apenas no segundo trimestre de 2022, voltando à recuperação.
A tendência foi parecida na taxa de emprego, sendo o maior agravamento homólogo no segundo trimestre de 2020, de 5,2 pontos percentuais para 59,6%. Mas o desempenho desde 2021 tem sido menos claro, com avanços e recuos.