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Educação e justiça observam greve, saúde e sector privado longe da paralisação

Victória Maviluka
22/4/2024
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Foto:
Victória Maviluka

Funcionários de vários estabelecimentos públicos voltaram a cruzar os braços. Executivo tentou travar paralisação com anúncio de incrementos salariais, mas sindicalistas não cederam.

Escolas encerradas e vários serviços de justiça suspensos é uma das ‘fotografias’ do primeiro dia da segunda fase da greve convocada pelas Centrais Sindicais, no âmbito das reivindicações pela melhoria das condições salariais dos trabalhadores.

Numa ronda efectuada na manhã desta segunda-feira, 22, por vários estabelecimentos públicos, a E&M constatou focos reduzidos de alunos que se dirigiram à escola para as aulas e se depararam com falta de professores.

“Na vez passada, fomos informados da greve. Mas, desta vez, quase não se falou da greve. Viemos à escola e nem conseguimos entrar nas salas de aula, porque não há professores”, disse Manuel, estudante da 11.ª classe do Liceu 4.083, em Cacuaco.

Na Repartição de Identificação Civil e Criminal da Administração daquele município, muitos foram os utentes que procuram por serviços de justiça e se viram defraudados.

Greve ainda sentida na Conservatória do Registo de Propriedade Automóvel de Luanda, para onde muitos automobilistas se dirigiram para tratar de documentação, mas sem sucesso.

Na Administração do Distrito Urbano do Sambizanga, os funcionários voltaram a paralisar os serviços, em protesto pela melhoria das condições salariais.

Ao contrário do Sambizanga, na Administração do Cazenga, as portas estiveram abertas, não obstante o registo de um ambiente de trabalho a meio-gás.

“Nós fizemos greve em Março, mas, logo a seguir, fomos convocados pela Administração, que nos intimidou. Por isso, muitos vieram trabalhar hoje. Mas nota-se que as pessoas estão desmotivadas, e, provavelmente, amanhã, muito pouca gente regressará ao trabalho”, referiu um fiscal da Administração Municipal do Cazenga.

Diferentemente da Educação e da Justiça, na saúde, a paralisação quase não se faz sentir, com os hospitais a funcionarem na normalidade, no que diz respeito à força de trabalho.

À semelhança da primeira etapa da greve, observada entre 20 e 22 de Março último, no sector privado, não houve registo de efectivação de paralisação no sector privado.

Apesar de o Presidente da República, João Lourenço, ter decretado, na última quinta-feira, 18, uma remuneração suplementar de 30 mil Kz, a partir de Junho próximo, para os funcionários públicos e agentes administrativos do regime geral da função pública, as Centrais Sindicais não descartaram a segunda fase da greve, a decorrer de 22 a 30 deste mês.

Reagindo à E&M ao anúncio de incrementos salariais na função pública, Teixeira Cândido, um dos porta-vozes das Centrais Sindicais, referiu que toda a “medida unilateral, toda a medida não discutida com os trabalhadores” não os vincula.

“Nós não fomos ouvidos, de modo que esta medida não nos vincula. Por outro lado, esta medida substancial que se faz sentir, de 30 mil Kwanzas e outros salários, não nos esqueçamos de que, na prática, o IRT vai lá, depois, incidir-se. Na prática, os trabalhadores não têm nenhum ganho substancial”, observou o sindicalista.

Caso permaneça o braço-de-ferro entre as Centrais Sindicais e o Executivo, uma terceira paralisação deve acontecer em Junho, com duração de 11 dias, a mais longa das três fases da greve aprovada em assembleia de trabalhadores.

O Executivo afirma já ter respondido grande parte das reivindicações dos trabalhadores, mas as Centrais Sindicais dizem que não foram atendidas questões estruturantes como: aumento do salário mínimo nacional, actualização do salário mínimo da função pública, redução do IRT e representante dos trabalhadores no Conselho de Administração do Instituto de Segurança Social.