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Escolas de formação desportiva esquecidas

Cláudio Gomes
20/6/2019
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Foto:
Carlos Aguiar e Istockphoto

Em Angola existe mais de uma dezena de escolas vocacionadas para
a instrução do futebol, mas a maioria não dispõe das condições mínimas para a prática do desporto e formação dos atletas.

Délcio Simões caminha, diariamente, entre cinco a seis quilómetros para ir aos treinos de futebol. O seu “despertador biológico” toca, inevitavelmente, às quarto horas da manhã, e parte de casa, no bairro Cassequel, Distrito da Maianga, para o Rocha Pinto (Av. 21 de Janeiro), onde está instalada a escolar de futebol Real Sambila.

É aqui que Délcio persegue o sonho de ser um futebolista profissional, apesar das dificuldades que enfrenta,principlamente de ordem financeira.

O pequeno futebolista precisa de apoio adicional ao que recebe dos seus pais, que têm de cuidar de mais seis irmãos. “Infelizmente, o que recebi da academia também é insuficiente”.

Délcio, que sonha jogar em campeonatos profissionais e aspira seguir as “pegadas” dos mundiais do futebol, revela que, muitas vezes, é desafiado a caminhar de estômago vazio e a despender energias que nem sempre consegue repor com “uma sandes e uma garrafa de água” oferecidas pelo clube.

“Quando há pão em casa alimento-me, mas quando não há nada para comer o clube dá-me dinheiro para comprar sandes”, contou o médio extremo que foi preterido pelo Clube 1o de Agosto, por alegada falta de “robustez física”.

Os treinos na Real Sambila, com duração de uma hora, começam às 8h00. Para regressar a casa, Délcio, estudante da 9.a para evitar não só que não se atrase nas aulas, mas que ainda consiga ter tempo para revisar as matérias. “Quando chego a casa, às 10h00, começo a rever as matérias e, às 12h00, começo a preparar-me para sair de casa”.

Segundo o professor de futebol de Délcio Simões, Mister Camará, há muitos mais atletas a passar dificuldades de vária ordem, sendo que na maioria dos casos são jovens oriundos de províncias como Cunene, Cabinda, Huambo, Benguela, Uíge, Huíla e também dos subúrbios de Luanda.

Leia mais na edição de Junho de 2019

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