3
1
PATROCINADO

Estado 'ameaça' crescimento da economia

Fernando Baxi
2/11/2023
1
2
Foto:
DR

No Plano de Estabilização Macroeconómica, o Executivo tinha chegado à conclusão de que a emissão de títulos da dívida pública, era um dos factores inibidores do acesso ao crédito.

O próximo ano económico prevê-se adverso para o sector real da economia, quanto à obtenção de crédito, pois a estratégia de financiamento do Estado para 2024 estará centrada na emissão de títulos da dívida pública no mercado interno, como estabelece o OGE-2024.

A cobertura das necessidades de financiamento, informa o Executivo na proposta do OGE-2024, será assegurada com emissões (regulares) de bilhetes e obrigações do tesouro, “promovendo liquidez e um funcionamento eficiente dos mercados primários e secundários”.

No Plano de Estabilização Macroeconómica (2016 – 2018), o Executivo tinha chegado à conclusão de que a emissão de títulos da dívida pública, sobretudo o de curta maturidade (bilhete do tesouro), era um dos factores inibidores do acesso ao crédito por parte do sector privado.

Uma das medidas encontradas para estimular o acesso ao crédito passava pela limitação de emissão de títulos da dívida pública de curta maturidade e indexado à moeda estrangeira (esta visava controlar os encargos em divisa, pois a situação cambial da economia era adversa).

A procura por financiamento da parte do Estado no mercado interno, reconheceu, motivara os bancos a investir mais em títulos da dívida pública, em detrimento do crédito, 'afligindo' o sector privado.

O Executivo chegou a admitir (também no PEM 2016 - 2018) que mais de 70% da rendibilidade do sistema bancário provinha dos resultados da dívida pública e dos cambiais. A intermediação financeira (actividade clássica da banca) em Angola passara para o segundo plano da banca.

Dados consultados, recentemente, indicam que o rácio de transformação de depósitos em crédito dos bancos de maior dimensão está longe de ultrapassar os 35%, excepto do Banco Bic. É o maior credor.  

O peso da dívida pública no Banco Angolano de Investimentos (BAI) representa 44% do activo, enquanto a carteira de crédito quase 11%.

No BFA, segunda maior instituição bancária do sistema, depois do BAI, a dívida pública tem um peso sobre o activo de aproximadamente 36%, ao passo que a carteira de crédito 15%.